O mundo do entretenimento já estava em polvorosa por causa do sexto álbum de Taylor Swift bem antes de o primeiro single, “Look What You Made Me Do”, ser lançado três meses atrás. Desde pelo menos outubro de 2016 a mídia especula o lançamento do disco, o que serviu apenas para criar antecipação para ele.
Reputation só chegou agora, em novembro de 2017. Só durante sua pré-venda, 400 mil cópias foram vendidas, o dobro do último álbum da cantora, 1989. Mas não é só nos números e na hype que Reputation surpreende.
O álbum começa mostrando novos sons ainda não explorados por Taylor. A primeira faixa, “…Ready For It?”, tem uma produção que remete ao dubstep e mostra um lado mais sombrio da cantora. Essa produção mais eletrônica e exagerada é muito presente na primeira metade do álbum, que meio que corrobora a imagem que a mídia constrói de Taylor – a namoradeira em série que se faz de boa moça, mas no fundo é malvada.
Em seguida, nós temos “End Game”, parceria com o rapper Future e com Ed Sheeran, grande amigo de Swift. A música tem um gancho que gruda na cabeça (“big reputations”), mas só isso. A ruína dessas e da maioria das outras músicas do álbum acontece pelo mesmo fator: produção ruim e sem originalidade.
Em Reputation, Taylor colaborou na maioria das faixas com Max Martin e Shellback (responsáveis pela maior parte da produção do último álbum da cantora) e em algumas outras com Jack Antonoff (Lorde e Fun.), que trabalharam em seu último álbum. Mas, diferentemente do que aconteceu em 1989, a produção não ficou natural. O álbum peca pelo excesso. Batidas escandalosas, sintetizadores gritantes e arranjos sem originalidade estão por todo o álbum. “I Did Something Bad” e “Look What You Made Me Do”, as piores músicas do álbum todo, são exemplos perfeitos disso.
Mas, mesmo no meio de todo esse caos superproduzido, algumas pérolas se destacam. “Delicate” tem um arranjo impecável e uma letra sensacional, que consegue lidar muito bem com o assunto da reputação interferindo na vida pessoal de Taylor. O vocoder no começo da música a deixa ainda melhor. E, na segunda metade do álbum, depois de “So It Goes…”, a quantidade de músicas boas só aumenta.
Se a primeira parte do disco mostra a Taylor que a mídia construiu, a outra metade mostra Taylor pelos olhos da própria. Há músicas medianas, como o single “Gorgeous” (que ficaria muito melhor como uma balada acústica), ótimas músicas para dançar, como “This Is Why We Can´t Have Nice Things”, e lindas composições com arranjos um pouco mais calmos, como “Getaway Car” e “Dress”. Essa última tem uma letra mais sexual que casa perfeitamente com o instrumental, construindo uma tensão em volta da música.
Reputation é exagerado e dramático, e isso não é bom. O álbum é cansativo de se escutar, principalmente em sua primeira metade. Mas tudo vale a pena pelas pérolas de composição de Taylor que ficam lindas com arranjos menores, o que fica evidente em “New Year’s Day”, última e melhor música do álbum. Uma balada lenta de piano com violão e alguns backing vocals. Nada mais, nada menos. É na simplicidade que o talento de Taylor como compositora brilha mais, e não quando ele é encoberto por ritmos de dubstep e sintetizadores de EDM.
Infelizmente, aqui temos ótimas músicas que ficam na sombra de músicas muito piores por causa da produção. Mas, se você tirar todas as camadas de estúdio, dá para achar algo valioso na maioria das faixas: potencial.