Sem rodeios, vamos mandar na lata: Resident Evil – O Capítulo Final não é um filme bom, mas também não é um filme ruim. Por quê? A gente explica.
A trama começa algum tempo depois do último filme. A prometida batalha em Washington não é mostrada – em vez disso, algumas informações jogadas em diálogos nos explicam que os humanos perderam. Podemos deduzir, portanto que os amigos de Alice, como Jill e Ada, morreram. Em suas andanças, Alice é visitada pela Rainha Vermelha, que a informa que existe uma cura para o T-Vírus escondida em Raccoon City, onde tudo começou. Alice, claro, vai para lá, decidida a salvar o mundo.
Infelizmente, RE6 comete o mesmo erro de Esquadrão Suicida: tem uma proposta de roteiro deveras interessante e que funciona até certo ponto, mas depois despenca. Para começo de conversa, o filme apela para um monte de jumpscares desnecessários. A direção abusa tanto do recurso que não sobra atmosfera de medo nenhum. Fica tudo muito previsível – quando a trilha sonora some, você já sabe que vem susto por aí. E são aqueles sustos fajutos que tentam assustar só pelo som alto, e não pela imagem.
Outro problema é a quantidade de cenas épicas, uma seguida da outra. O filme quer uma cena forte freneticamente ligada no 220v a cada segundo. Só que, se tudo é épico, NADA é épico. O caos acaba ficando normatizado e o espectador perde a sensação de urgência.
Por conta da quantidade de cenas de ação exageradamente épicas e dos jumpscares, a atmosfera de medo que a saga de filmes só conseguiu atingir em O Hóspede Maldito, e que era pra ser mantida até então, foi completamente extinta nesse último capítulo – assim como os games, Resident Evil migrou desavergonhadamente do terror para a ação-estilo-Michael-Bay.
Agora vamos para a parte boa da coisa: o filme é de longe o mais bem produzido da série visualmente, com cenários de cair o queixo e efeitos especiais fantásticos (atenção para a cena da gasolina!). Iain Glen, de Game of Thrones, rouba a cena em sua volta como o Dr. Isaacs, sendo um vilão mais diabólico que Wesker na saga toda. Claire Redfield (Ali Larter), mesmo tendo muito pouco espaço em comparação aos filmes anteriores, mandou muito bem e está usando a mesma roupa da personagem no game RE Revelations 2.
A fofíssima filha de Milla Jovovich e Paul W.S. Anderson (diretor e roteirista), Ever, atuando como a não tão fofa assim Rainha Vermelha, traz um tom mais bacana para o filme. E finalmente é revelada a origem de Alice e os motivos pelos quais o T-Vírus ”acidentalmente” saiu por aí pra acabar com mais de 7 bilhões de vidas humanas, e até que tudo é bem satisfatório e bem explicado.
O final irá dividir opiniões. Para os verdadeiros fãs da saga, assim como eu, ele deixa MUITO a desejar. Mas quem curte os filmes e vê só pelo bom e velho entretenimento pode achar ok. Alice precisa correr contra o tempo pra salvar o mundo, mas a trama que precisa ser resolvida é confusa, misturando clones, criogenia, vilões malvados, traidores, etc. Difícil de satisfazer completamente quem vem acompanhando uma saga de 15 anos de sucesso.
No final, a sensação que fica é positiva. Apesar de tudo, Milla Jovovich na pele da heroína Alice vai deixar saudades sim e é difícil dar adeus a uma saga que, apesar dos erros notáveis, ainda era boa. O Capítulo Final claramente está abaixo da qualidade dos títulos anteriores, mas isso não quer dizer que você não ache sua satisfação nesse longa.
E, considerando o desfecho, nada impede um possível reboot (coerente, por favor) daqui a alguns uns anos, não é mesmo?