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Cinco diferenças entre o filme e o livro Me Chame Pelo Seu Nome

Por Maria Eduarda
Atualizado em 4 jul 2018, 20h34 - Publicado em 5 mar 2018, 18h33
Maria Eduarda
(Arquivo Pessoal/Reprodução)

A adaptação cinematográfica do livro homônimo Me Chame Pelo Seu Nome (Call Me By Your Name) tem sido discutida e aclamada tanto pelo público como pela crítica desde o seu lançamento. O filme, indicado a quatro categorias do Oscar 2018 (e  vencedor da estatueta de Melhor Roteiro Adaptado), ganhou prêmios importantes, como de Melhor Roteiro Adaptado no BAFTA.

Na história, que se passa no interior da Itália nos anos 80, um professor universitário recebe um estudante americano, Oliver (Armie Hammer) durante o verão para passar seis semanas com ele, seu filho Elio (Timothée Chalamet) e sua mulher. Oliver e Elio acabam desenvolvendo uma história de amor complexa, afetada por desejos e inseguranças.

Quem leu o livro que deu origem ao filme sabe que o diretor Luca Guadagnino se esforçou para preservar muitos dos temas e passagens originais. Mas é claro que muita coisa precisou ficar de fora. Aqui vai uma lista de cinco coisas que se diferem (e fazem falta) entre o livro e o filme.

1) Os relacionamentos hetero de Elio e Oliver

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(Reprodução/Sony)

No livro, tanto Elio quanto Oliver se envolvem com mulheres antes de formarem o casal foco da trama. No livro, Oliver conhece Chiara e Elio se aproxima mais de sua amiga Marzia. As escapadas de Oliver com Chiara são bem despretensiosas, enquanto Elio e Marzia desenvolvem até que uma espécie de sentimento (além do envolvimento carnal).

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No filme, Chiara tem no máximo duas cenas e Marzia parece gostar muito de Elio, mas de forma não correspondida. Elio parece realmente só estar usando a menina. Oliver tem em Chiara só mais um passatempo também. Dá para creditar essa mudança à falta de espaço para contar o livro todo, mas é inegável que as relações hetero davam mais profundidade aos personagens.

2) A narração de Elio

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(Reprodução/Sony)

O livro é a materialização do meme “não consigo falar, só sentir”. Narrado por um Elio crescido a partir de suas memórias, ele mistura lembranças do passado com jornadas de autoconhecimento e reflexões sobre as angústias do garoto.

Esse fator traz uma intimidade gigante ao livro, passando a sensação de que se trata de um velho amigo contanto daquele verão em que vocês não se viram, mas que ele gostaria que você soubesse como foi. As ações que levam Elio a sentir o que conta são apenas pontos de partida, colocando total ênfase no sentimento e em como ele absorveu aquilo.

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Com tanta subjetividade e descrições extremamente detalhadas e profundas, é difícil imaginar como tudo aquilo seria passado fielmente num filme linear. Sem o constante ponto de vista do personagem principal, essa condução psicológica se perde. Não fica claro no filme, por exemplo, por que Elio ignora o primeiro avanço de Oliver (quando este lhe massageia), sendo que já tem sentimentos por ele naquele momento. No livro, é explicado que Elio tomou um susto com a situação, mas gostou.

Mesmo que os sentimentos mais importantes tenham sido passados para o filme com a ajuda das expressões de Timothée Chalamet, isso não se compara à história superenvolvente que nos conduz durante o livro.

3) A ambientação dos anos 80

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(Reprodução/Sony)

Na leitura, é complicado dizer em que ano aquele verão se passa, o que no filme é extremamente explicito, tanto pelos comentários dos personagens como pela trilha sonora (muito boa, diga-se de passagem). A sensação é de atemporalidade, como se o vilarejo na Itália que serve de plano de fundo estivesse livre da ação do tempo.

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No entanto, a década escolhida ajudou no charme do filme, com a ausência de tecnologia reforçando o isolamento da família.

4) Os personagens secundários

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(Reprodução/Sony)

Apesar de os diversos figurantes no filme e uma gama de, no máximo, sete personagens secundários importantes, nenhum deles teve a importância que tem no livro. Na obra, há uma personagem chamada Vimini, vizinha da família, que é uma menina de dez anos com leucemia. Ela participa bastante da história e é muito influente na trama, especialmente para Oliver.

As já citadas Marzia e Chiara são, ates de tudo, pessoas que já vinham participando da vida de Elio e têm no livro um significado maior do que simples interesse sexual. No filme, tudo gira tanto em torno do casal principal que apaga um pouco a dinâmica da família, cuja casa era originalmente retratada como sempre cheia de convidados. O filme ficou mais romântico assim? Ficou, mas também menos complexo.

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5) Três dias em cinco minutos

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(Reprodução/Sony)

Na parte final do livro, os protagonistas saem do vilarejo em que passaram as últimas seis semanas para ficar três dias em Roma a convite do editor do livro de Oliver. Os três dias são narrados com detalhes, dando ênfase para a última noite deles na cidade, quando aparecem numa livraria a convite do editor.

A noite boemia do meio cultural, o calor do verão, a magia do compromisso de todos ali em viverem o momento, o modo inexperiente com que Elio olha para tudo aquilo, tudo isso induz o leitor a uma viagem no tempo. Grande parte de todo o sentimento de efemeridade, de “seja eterno enquanto dure” está nessas 42 páginas do livro.

A mesma passagem ocorre no filme, mas de forma completamente diferente: eles viajam porque querem e não encontram com ninguém no meio do caminho, a não ser por um trio de completos estranhos que estão ouvindo música numa viela. Nada tão impactante quanto foi a noite narrada no livro. Esse foi de longe o maior pecado no roteiro adaptado, que ganhou o Oscar, mas deixou escapar a possibilidade de deixar o filme ainda mais excêntrico.

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