George Orwell é mais famoso por sua obra distópica 1984. Mas em 1945 ele publicou outro de seus livros célebres, A Revolução dos Bichos (Companhia das Letras, 152 pgs., R$ 27,50), que foi instrumentalizado na época da Guerra Fria como arma anticomunista.
Quem vê o livro pela primeira vez pode achar um “livro de criancinha” por sua temática de animais antropomorfizados. Eu, pelo menos, tive esse pensamento. Mas foi um dos maiores enganos que eu já tive.
Na história, os bichos da Granja do Solar, cansados da intensa exploração a que são submetidos pelos humanos, revoltam-se contra os seus donos e tomam posse da fazenda, instituindo um governo cooperativo e igualitário com o slogan “Quatro pernas bom, duas pernas ruim”. Mas os porcos, tidos como os mais inteligentes, começam a usufruir de privilégios e, aos poucos, vão reinstituindo um regime opressivo, inspirados no lema “Todos os bichos são iguais, mas alguns são mais iguais que outros”.
O livro é incrivelmente bem escrito e cheio de criticas à ditadura stalinista. Os personagens Napoleão e Bola-de-neve, por exemplo, dois porcos, são analogias a Stalin e Trotski, respectivamente. Vários outros símbolos do regime real são retratados no livro.
A edição da Companhia das Letras também possui um incrível posfácio de Christopher Hitchens em que ele estabelece relações entre o livro e o governo de Stalin.