Depois de 20 anos de sua estreia em território nacional, a saga dos Cavaleiros do Zodíaco, criada pelo mestre Masami Kurumada, ganha sua sexta adaptação cinematográfica, dessa vez em computação gráfica. A Lenda do Santuário, que estreia hoje nos cinemas de todo o Brasil, reconta a tão conhecida “Saga das 12 Casas”, em que os Cavaleiros de Bronze devem levar a jovem Saori Kido ao Santuário para provar que a mesma é a verdadeira Atena.
A história já é bem conhecida: ferida com uma flecha no peito, Saori está em perigo e precisa ser salva por Seiya e pelos outros quatro Cavaleiros de Bronze. A partir daí, o grupo sobe as 12 casas para enfrentar os Cavaleiros de Ouro e despertar seu sétimo sentido no processo, sendo este um dos focos da história principal. Porém o Mestre do Santuário tenta impedi-los a qualquer custo.
As reações (muitas vezes positivas) durante as apresentações dos personagens são incomparáveis. A aparição de Seiya e seu “meteoro de Pegasus!”, assim como as dos demais Cavaleiros de Bronze, são tão surpreendentes quanto o tom cartunesco dado aos Cavaleiros de Ouro.
Há mudanças marcantes, como o Máscara da Morte, que agora canta (é impossível não rir da cena de seu musical), Milo de Escorpião, que é uma mulher, Mu usando óculos, os piercings de Aiolia e Aldebaran e a participação repentina de Afrodite, que aparece em poucos (e surpreendentes) segundos.
Uma grande mudança também foi a entrada do Santuário, agora via um portal. Somente os Cavaleiros possuem o acesso, com a criação de um caminho de escadarias aberto com a utilização das armaduras – o qual é fechado e desaparece imediatamente após sua passagem à outra dimensão, deixando claro que nós, humanos, não pertencemos ao mesmo “mundo” dos Cavaleiros.
Fazer uma comparação à série animada parece inadequado, já que ela é um clássico idolatrado por fãs há décadas. Muitas mudanças foram feitas, várias passagens foram cortadas (como Shiryu libertando Hyoga em Libra) e algumas batalhas foram encurtadas. Afinal, são 30 episódios de anime resumidos em pouco mais de uma hora e meia de filme. Mas as lutas são muito empolgantes de assistir e a animação 3D está fantástica e fluída. Além disso, o drama de ter que esperar pelo próximo episódio foi eliminado.
Uma característica boa do roteiro é que, mesmo com a pressa da história, o humor característico dos animes não foi deixado de lado. Além disso, o filme foi muito bem trabalhado na parte sonora, soando tão bem quanto as belíssimas paisagens apresentadas na transição de cenas. Também é possível perceber essa qualidade nas vozes dos personagens. As melodias épicas e a emoção expressada pelos dubladores durante os gritos marcantes dão até um ar nostálgico à obra.
Ah, para a alegria dos fiéis fãs da dublagem brasileira, vale dizer que, sim, são os mesmos dubladores da franquia original! É simplesmente impossível imaginar alguma animação de Cavaleiros sem as icônicas vozes de Hermes Barolli (Seiya), Élcio Sodré (Shiryu), Francisco Bretas (Hyoga) e todos os outros. Vozes que, mesmo fora da franquia, são reconhecidas pelos fãs mais atentos.
De certa forma, os pontos positivos e negativos do filme se equilibram. Algumas vezes, é até possível ficar desconfiado da obra em relação a algumas mudanças, como os momentos nonsense nos últimos minutos. Também fazem faltas inúmeras cenas marcantes da série. Por outro lado, o tempo curto é aproveitado para modificar e resolver alguns problemas, como furos de roteiro e clichês. Os fãs apaixonados vão ficar presos à cadeira até o final.
Fascinante e até recomendado como apresentação ao mundo dos Cavaleiros, A Lenda do Santuário deixa claro que não é necessário ter um pré-conhecimento da saga, pois o filme é contado de forma fluente do começo ao fim, com direito àquele gostinho de “mas já acabou?”.
Com uma animação que, desde os cinco primeiros minutos, te deixa boquiaberto (por tamanho realismo), está por vir um longa adaptado de animes tão fascinante quanto esse.