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Prestes a completar 30 anos, O Alquimista ainda faz pensar

Por Iury Lima
Atualizado em 4 jul 2018, 20h35 - Publicado em 3 ago 2017, 12h41

O Alquimista

Fãs de Paulo Coelho e também novos leitores do autor podem procurar nas livrarias a edição especial de O Alquimista, da Editora Sextante, lançada em 2015. O livro, lançado originalmente em 1988, já vendeu mais de 65 milhões de exemplares e completa 30 anos no ano que vem. Ele continua sendo uma leitura relevante, caminhando entre a autoajuda e a literatura fantástica e não sendo apenas nem uma coisa e nem outra.

Ao encontrá-lo nas livrarias, e não conhecendo o trabalho do autor, o leitor casual pode até fazer o clássico pré-julgamento e achar que é mais um livro chato de um escritor que gosta de filosofia e escreveu uma parábola cheia de metáforas para você parar de reclamar da vida. É nesse caso que o ditado “nunca julgue um livro pela capa” – que, no caso dessa edição especial, está divina – faz todo o sentido.

A ideia geral do livro é que tudo tem sua própria importância, que tudo deve evoluir, e que tudo, exatamente tudo, desde um pequeno átomo até a maior e mais distante estrela do Universo faz parte de uma coisa só: A alma do Mundo, de onde surgimos e para onde retornaremos. Aliás, quando você quer alguma coisa, todo o Universo conspira para que você realize seu desejo.

A história de O Alquimista apresenta Santiago, um jovem espanhol pastor de ovelhas que vive na cidade de Andaluzia e viaja pelos campos de cidade em cidade, sempre cuidado de seu rebanho e vendendo sua lã, e até mesmo alimentando-se de sua carne quando preciso. Esse é o destino perfeito na visão de seus pais, já que essa é a tarefa passada de geração a geração pela tradição daquela terra.

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Mas o rapaz (como é referido no livro inteiro, sendo chamado de Santiago apenas duas vezes pelo narrador em terceira pessoa) sente que este não é o seu lugar no mundo. Ele possui um grande desejo de viajar pelo mundo e descobrir novos lugares e pessoas. Ele passa a ter sonhos repetidos que querem lhe dizer alguma coisa: um tesouro escondido deve ser seu. Esse é o gatilho que empurra a trama inteira e faz o rapaz passar a ler os “sinais do mundo” e entendê-los como uma pequena peça do enorme quebra-cabeça que é o Universo.

Para quem nunca leu algo parecido, os personagens podem parecer estranhos no começo, mas o leitor se familiariza rapidamente e entende que eles não são apenas pessoas. Além dos humanos, é difícil não se apegar ao Deserto, ao Sol, ao Vento, ao Falcão e à Mão Que Tudo Escreveu e não tirar belas lições de cada coisa simples que possa surgir dessas figuras.

O melhor do livro é seu lado místico e a forma como os acontecimentos descritos podem gerar dezenas de pensamentos sobre tudo o que você já fez até hoje. O personagem reflete isso, e é como se Paulo Coelho tivesse previsto todos os pensamentos que apareceriam na mente de quem está lendo e os transportasse para a cabeça e a boca do protagonista.

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Os termos e metáforas utilizadas também são um show de adição ao enredo. Você vai ver muitas vezes o livro falar de Sinais, Alma, Linguagem do Mundo, Linguagem do Deserto, conspiração do Universo em favor de desejos humanos, evolução, alquimia, e, principalmente, de Lenda Pessoal – esta última, referindo-se a encontrar a sua própria história e aceitar os Sinais do Mundo como a linguagem da Mão Que Tudo Escreveu para viver a sua própria identidade ou destino.

E isso tudo, por incrível que pareça, não é contado dentro de uma filosofia chata. Os momentos de reflexão são profundos, as páginas de batalhas entre clãs inimigos, guerras e até “bruxaria” são intensas e, mais ainda, os diálogos são impressionantes e vão te fazer pensar.

Santiago se lança num momento de descoberta, precisa tomar decisões difíceis, precisa aprender a se conectar e reconectar com tudo à sua volta, reaprender conceitos básicos, cruzar desertos, seguir seus sonhos, conhecer o amor e, enfim, seguir seu destino e encontrar seu tesouro. Ele apanha da vida, assim como qualquer pessoa, mas aprende que cada pancada faz parte do enriquecimento da alma e de crescimento pessoal.

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O Alquimista também tem muito a ver com o momento em que você lê o livro e a forma como você está preparado para receber esse tipo de leitura. Apesar de ter seus momentos bem-humorados, ele não é apenas um livro para divertir. Acima de tudo, é um livro feito para você se (re)encontrar, se você acreditar que “maktub” (está escrito).

Apesar de ser criticado agressivamente, Paulo Coelho é sem dúvidas um dos maiores escritores brasileiros. A grande maioria de suas obras é pautada pelo misticismo e pelo conhecimento de coisas que a maioria das pessoas não entende.

O Alquimista também é um forte candidato a parar nas telonas dos cinemas. O projeto de adaptar o livro circula entre vários estúdios desde os anos 90 e hoje está com a TriStar, produtora e distribuidora pertencente à Sony Pictures, que adquiriu os direitos por US$ 6,5 milhões. A produção pode ocorrer ainda este ano e a estimativa é a de que possamos assistir à adaptação em 2018.

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