Se você gosta de romances melosos que proporcionam uma leitura incrivelmente rápida, Simon vs. A Agenda Homo Sapiens (Ed. Intrínseca, 272 págs., R$ 34,90) é a opção perfeita. Alguns capítulos são predominantemente diálogos e outros são e-mails trocados entre os personagens, o que torna a leitura bem fácil e divertida, sendo capaz de terminar em dois dias. É uma história fofa, mas nem um pouco recomendada para homofóbicos (bleh!). Uma opção ótima para descobrir, mais uma vez, que o amor existe de todas as formas.
Simon é um adolescente passando pelo segundo ano do ensino médio que apresenta seu mundo ao leitor, com amigos temperamentais e unidos, uma família adoradora de Alvin e Os Esquilos (os filhos se chamam Alice, Eleanor e Simon) e uma troca de e-mails românticos com um rapaz chamado Blue. Ele é alguém misterioso, que Simon descobriu pelo Tumblr de fofocas da escola. Blue fez um post expondo seus sentimentos e pedindo para conversar com outras pessoas sobre ele ser gay e Simon se interessou.
Mas nem tudo é perfeito. Martin, um colega de Simon, encontra o histórico de e-mails de Simon com Blue e o chantageia para que arranje para ele um encontro com Abby, amiga de Simon. O protagonista foge do assunto, o que gera confusão na vida dele e de seus amigos. Pelo medo de que alguém desconfie de que é gay, Simon cria um mundo próprio, protegido pela música no iPod.
Blue dá muita força a Simon por meio dessa amizade repentina criada virtualmente. Simon sente que precisa ser verdadeiro consigo mesmo. Então, apesar da chantagem de Martin, o personagem até que é agradecido pelo que aconteceu, porque lhe deu coragem.
Uma coisa muito interessante no livro é que a escritora deixou de lado toda a dificuldade cultural da sociedade com essa temática. A homofobia passa longe aqui (apesar de aparecer), sendo contornada pela base de apoio de Simon. A ficção nessas horas podia ser realidade. Isso impediria muitos acidentes de ódio e preconceito que atingem a comunidade LGBT em geral.
Acho que a mensagem que a própria escritora (Becky Albertalli é psicóloga e trabalha com adolescentes) quer passar é que jovens devem aprender a se sentirem bem consigo mesmos. Essa atitude começa desde o momento em que você se aceita até o momento em que seus pais e amigos te aceitam. Mas isso nunca deve depender da aceitação do outro, e sim de você mesmo. Assumir algo que é considerado “fora da agenda Homo sapiens” é difícil, mas todos devem ter força para conseguir isso, levando sempre em consideração mais seus sentimentos do que quaisquer pensamentos negativos que os outros possam ter.