Zootopia é uma cidade moderna onde pessoas nunca existiram e os animais são antropomorfizados, ou seja, são como seres humanos, usam smartphone, vestem roupas, etc. Apesar de ser só uma coelha vinda de uma família de agricultores, a policial Judy Hopps (voz de Ginnifer Goodwin no original e Monica Iozzi na versão brasileira) sempre sonhou em ser uma detetive profissional. Depois de passar no exame para a Academia Policial de Zootopia, ela finalmente se torna a primeira coelha policial, porém fica encarregada apenas de ser guarda de trânsito.
Judy não desanima e tem esperança de pegar um caso de verdade, no qual ela possa exercer suas habilidades como detetive. Mas os casos grandes vão sempre para os animais maiores e mais fortes. Quando o marido de uma moradora da cidade desaparece e Judy se compromete, na frente da vice-presidente, a assumir o caso, o chefe de polícia não tem outra opção a não ser deixar que Judy o faça.
Porém ela tem somente 48 horas para solucionar o desaparecimento ou estará despedida. A policial percebe que, para resolver o caso, precisará da ajuda de Nick Wild (Jason Bateman no original, Rodrigo Lombardi na dublagem brasileira), uma raposa malandra que já havia passado a perna em Judy antes. A contragosto, Nick acaba ajudando Judy na busca pelo cidadão desaparecido. Juntos, a dupla desconstrói o preconceito de que presa e predador são sempre inimigos.
Dos mesmos criadores de Frozen e Operação Big Hero, Zootopia teve a melhor bilheteria de estreia da história da Disney nos EUA. O filme é realmente muito bom e bem divertido, do tipo que tem piadas para as crianças e para os adultos. Referências a filmes clássicos, como O Poderoso Chefão, são tão bem feitas quanto as piadas com a própria Disney ou com séries de TV.
Mas nem só de comédia é feito Zootopia. O filme consegue abordar questões delicadas de modo suave. A metáfora da coelhinha inteligente que é menosprezada pelos colegas de trabalho “machões”, representando a discriminação, é bem clara e talvez até clichê, mas bem construída, já que aborda desde pontos como preconceito racial e social até questões de gênero – a protagonista, além de ser presa (e não predadora) vem de uma família simples e é fêmea.
Já há algum tempo o estúdio não investe em animais falantes como personagens de seus filmes, preferindo histórias de super-heróis e princesas. Não que isso seja uma novidade, mas estava na hora de voltarem com uma nova fábula e Zootopia é uma boa entrega, apesar de um pouco ingênuo. E, mesmo entre os filmes com animais antropomorfizados, Zootopia se destaca com uma trama estilo Sherlock Holmes e uma pesquisa de campo notavelmente bem feita, conservando até as proporções entre um animal e outro.
Apesar do subtítulo brasileiro desnecessário, Zootopia tem ótimas piadas, mensagem importante, dublagem bacana e merece ser visto.