Mentiras que os pais contam: “Amo meus filhos da mesma forma”
Na hora de escolher a quem dar mais atenção, a mãe vai preferir a criança mais nova. Já numa situação de vida ou morte, ela tende a escolher a mais velha
Pais não abandonam seus filhos na roda dos enjeitados por mais que eles chorem, façam sujeira e exijam atenção o tempo todo. O motivo é simples: os genes dos pais querem ser levados adiante. E, como as crianças adquirem habilidades e conhecimentos suficientes para se manterem por conta própria somente lá pelos 7 anos, teve mais vantagem evolutiva quem se predispôs a cuidar melhor de seus filhos. Afinal, quem não foi predisposto ao cuidado provavelmente viu seus filhos morrerem – e, assim, não levaram adiante um eventual “gene da negligência”.
Só que daí surge mais um problema. Antes de o primeiro filho ficar menos dependente da mãe, ela pode ter tido vários outros filhos. E mais. A proteção e os recursos que ela pode oferecer a esses filhos são limitados. Como distribuir isso? Depende da situação. No dia a dia, ela favorece o caçula. Afinal, um bebê provavelmente morreria sem alimentos e proteção, enquanto uma criança mais velha teria mais chances de se virar sozinha ou de procurar ajuda de outros.
“Eis a razão de os mamíferos desmamarem suas crias, em vez de alimentá-las indefinidamente”, afirma o evolucionista britânico Richard Dawkins no clássico O Gene Egoísta. “Chega um momento na vida de um filho em que passa a ser compensador para a mãe dirigir esse investimento para os futuros filhos.”
Agora, numa situação de vida ou morte em que a mãe precisa escolher qual de seus filhos sobreviverá, a teoria da evolução prevê que ela escolherá o mais velho. “Se a mãe salvar o filho mais novo, terá ainda de investir nele alguns recursos valiosos para que ele possa vir a alcançar a idade do irmão mais velho.”