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Abrir fronteiras num mundo sem fronteiras

Artigo do presidente da Rhodia, Edson Vaz Musa, em que fala da necessidade de o Brasil abrir suas fronteiras com o mundo para que caminhe para o desenvolvimento.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h53 - Publicado em 31 out 1991, 22h00

Edson Vaz Musa

Há espaço para um desenvolvimento tecnológico autóctone em um mundo onde as distancias são cada vez mais medidas em frações de segundos e não em quilômetros? Onde as fronteiras são meras demarcações geográficas e não barreiras ao transito de idéias? Um mundo onde a cooperação entre pais possibilita a construção de blocos econômicos? Um não categórico é a única resposta. A velocidade das transformações que a humanidade esta experimentando é enorme.

Estudo publicado nos Estados Unidos dá a medida dessa aceleração: de 1750 a 1900, o conhecimento humano dobrou. Para que isso ocorresse foram necessários 150 anos. Bastaram mais 50 anos para outra duplicação. Hoje, certamente, esse intervalo é inferior a 10 anos. É a ampliação, aplicação e intercambio do conhecimento que fornece combustível para o progresso. O Japão é o exemplo clássico. Em poucas dezenas de anos transformou-se em potência econômica. A abertura da União Soviética aos investidores estrangeiros e a formação da Europa num único e grande bloco são os exemplos mais recentes dos novos caminhos para o desenvolvimento.

Ainda que tardiamente, o Brasil despertou para essa realidade. Com os portos fechados, estabeleceu-se a pretensão aqui, produzir tudo: de uma agulha ao mais veloz computador. Essa falácia é responsável por grande parte dos nossos problemas atuais. Assim como não há um só homem que independa dos outros, não há país que possa se desenvolver em todos os campos isoladamente. Abrir as fronteiras não basta. Precisamos também abrir nossas cabeças. Vamos continuar a pilotar pelo espelho retrovisor ou olhar para a frente? Temos de admitir que perdemos em algumas etapas da corrida pelo desenvolvimento. Mas não estamos fora da competição e até mesmo marcamos alguns pontos.

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O Brasil reúne condições excelentes para se tornar um pólo de atração de tecnologia e capital externo. Há um grande mercado a ser desenvolvido. Dispomos de inteligências e de capacidade administrativa. O tecido industrial amplo e pode modernizar-se rapidamente. Não devemos temer a concorrência. É ela que nos dá parâmetros e estimula a melhoria em inovação. O fundamental é que nossos esforços sejam dirigidos para áreas em que temos vocação (e elas são muitas) e para corrigir distorções – que infelizmente, também são muitas. A qualidade e ampliação do ensino é exemplo evidente. Sem boa educação, em todos os níveis, o processo sempre será mais difícil.

Antes, a riqueza de uma nação era medida por sua produção industrial. Breve, ela o será pelo nível de criação intelectual e fluxo de tecnologia. Cérebros bem formados são mais necessários do que montanhas de minérios. A abertura das fronteiras é um incentivo à reflexão. Tantas foram as barreiras e os entraves burocráticos criados a participação do capital externo, que caímos em nossa própria armadilha. Agora começamos a desmontá-la. O reconhecimento da propriedade intelectual, a redução das tarifas alfandegárias, o fim de reserva de mercados e de verdadeiros “cartórios”, entre outras ações, vão imprimir nova velocidade ao país. E no rumo correto de um futuro melhor.

Para nos mantermos nessa trilha, precisamos ter em mente que progresso é diferente de crescimento. Na década de 701, o Brasil foi um dos países que mais cresceu no mundo. Mas, com exceção de algumas áreas, não houve desenvolvimento. Os anos 80 mostraram a fragilidade desse sistema. Sem o nosso único ponto de apoio, o crescimento, fomos ao chão. Aprender a conjugar desenvolvimento e crescimento é a grande tarefa do Brasil na década de 90.

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