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Ao contrário dos cães, gatos não confiam em seus donos

Um teste revelou que, em um ambiente estranho, cães consideram seus donos um porto seguro – já gatos não demonstram medo nem dão bola para seus humanos

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 out 2017, 14h29 - Publicado em 11 out 2017, 14h23

Você tem a impressão de que seu gato gosta mais do sofá que de você? Más notícias: não é só impressão.

Alice Potter e Daniel Mills, da Universidade de Lincoln, na Inglaterra, confirmaram o que todo mundo já sabe, mas ninguém gosta de admitir: ao contrário dos cães, os gatos não têm uma propensão natural a criar laços fortes com seres humanos.

Para chegar a essa conclusão, eles submeteram os felinos ao teste da situação estranha (em inglês, SST), criado pela psicóloga Mary Ainsworth em 1969. O procedimento, na época, era usado para medir o quanto uma criança considera um determinado adulto um foco de proteção quando ela é exposta a um ambiente desconhecida.

Funciona assim: a criança e o adulto são colocados em uma sala experimental, onde são encenadas várias situações. O responsável pode sair e deixá-la sozinha no lugar. Ele também pode ficar, mas na presença de uma terceira pessoa, que a criança não conhece. E também há uma opção extrema: sair e deixá-la com a pessoa que ela não conhece.

Se a criança for apegada ao seu responsável, acontecerá o óbvio: ela demonstrará mais confiança para explorar a sala na presença do adulto que é familiar, mas ficará receosa se ele estiver ausente – e se esconderá no meio das suas pernas quando o elemento desconhecido der as caras.

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Uma versão modificada do teste já foi aplicada aos cães várias vezes, e eles quase sempre agem como as crianças mais apegadas: encaram o dono como um porto seguro quando estão em um lugar desconhecido, na companhia de uma pessoa desconhecida.

Já os gatos, bem… as reações foram bem mais fleumáticas.

20 donos e bichanos foram testados por Potter e Mills. As interações foram filmadas e analisadas detalhadamente, e as conclusões foram tristes: os gatos passaram o mesmo tempo explorando a sala na presença do dono e do estranho – o que significa que eles não se sentem mais confiantes e encorajados que a média quando seus responsáveis estão por perto. Da mesma forma, os felinos não passaram mais tempo brincando com o estranho só porque estavam sendo encorajados pelo dono. Por fim, eles passaram o mesmo período brincando com donos e estranhos – o que significa que a atenção que esse animais dedicam a interagir com alguém não depende dos laços emocionais que eles têm com o humano em questão. 

Ou seja: seu gato talvez tenha percebido que você é um humano muito presente na vida dele (várias das cobaias miaram mais alto quando seus donos saíram da sala, se serve de consolo). Mas ele não vai pedir sua proteção quando se sentir ameaçado – prefere se virar sozinho, e não se abala quando é colocado em um lugar desconhecido.

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