Bebê globalizado
Adquira o óvulo em um país, faça a fertilização em outro e contrate a mãe de aluguel num terceiro. Está pronto o seu filho - com muita economia
Camilla Costa
Seu celular é made in China. A camiseta foi produzida no Vietnã. O vinho que você bebe veio da Argentina. Se tudo é globalizado, por que o seu filho não pode ser? A nova moda entre os casais que precisam de ajuda para ter filhos é recorrer a países como Índia, Grécia e Panamá, onde é possível comprar óvulos ou esperma, fazer a inseminação, alugar uma barriga e até fazer o parto. A vantagem disso é que fica bem mais barato e permite realizar legalmente procedimentos que são proibidos em muitos países – como o comércio de óvulos e esperma e a barriga de aluguel remunerada.
O negócio é explorado por empresas como a Planet Hospital, em cujo site o cliente pode escolher de qual país virá o óvulo e/ou o esperma, onde nascerá o bebê, onde vai morar a mãe de aluguel e até selecionar o sexo da criança. Dos clientes da Planet Hospital, 40% são casais homossexuais que querem ter filhos biológicos. Os outros são casais heterossexuais, geralmente com mais de 40 anos. A prática é legal, mas é vista com maus olhos por alguns cientistas. “Por mais que seja aceitável do ponto de vista médico, isso é exploração da pobreza [da mãe de aluguel]”, diz o especialista em reprodução Carlos Petta, da Unicamp.
Na ponta da proveta
Casais americanos recorrem a países como Índia, Panamá e Grécia para ter filhos gastando menos
Óvulo
Preço médio – US$ 750
Economia* – 25%
Esperma
Preço médio – US$ 6 mil
Economia* – 65%
Fertilização in vitro
Preço médio – US$ 9 mil
Economia* – 64%
Barriga de aluguel
Preço médio – US$ 17 mil
Economia* – 40%
Parto
Preço médio – US$ 7 300
Economia* – 70%
Custo do bebê: US$ 40 mil
Economia: 32%
*Com base nos preços médios da empresa Planet Hospital, em relação ao preço médio dos mesmos serviços nos EUA.