Brasil quebra o galho da Nasa
Cientistas da Aeronáutica desenvolvem supercanhão que pode revolucionar as missões espaciais
Gisela Blanco
Um laser muito potente, de cerca de 2,5 bilhões de watts (o equivalente a 25 milhões de lâmpadas), é disparado contra a traseira de um foguete. Incrivelmente quente – atinge 25 mil graus, ou 5 vezes a temperatura da superfície do Sol -, o raio gera uma onda de calor que faz o ar se expandir e empurra o foguete para a frente a 7 700 km/h (7 vezes a velocidade do som). Pode parecer uma tecnologia de ficção científica, mas já existe – e no Brasil. O supercanhão a laser foi criado no Instituto de Estudos Avançados da Aeronáutica (IEAV), em São José dos Campos, e está sendo desenvolvido em conjunto com o governo dos EUA. A grande vantagem do laser é que ele permite lançar foguetes carregando pouco ou nenhum combustível a bordo – o que poderá revolucionar as viagens espaciais. “Hoje, apenas 5% da carga de um foguete é carga útil [satélites, astronautas etc.]. Todo o resto, 95%, é o peso do combustível”, diz o coronel e engenheiro Marco Antônio Minucci, diretor de desenvolvimento do laser.
A nova tecnologia poderá deixar os lançamentos espaciais até 100 vezes mais baratos – e mais seguros também. “Os astronautas vão ao espaço sentados numa verdadeira bomba de oxigênio e hidrogênio líquidos, prontos para explodir a qualquer momento”, diz Minucci. Com o laser, esse risco não existiria, pois a nave não levaria combustível (veja ao lado). O supercanhão será testado com um pequeno foguete não tripulado, cujo primeiro voo está previsto para 2013.
Espelhos refletem o laser
1. Disparo
O laser (que tem vários feixes separados) atira contra a nave, 28 vezes por segundo.
2. Reflexão
Os raios acertam a parte de baixo da nave, que é coberta por espelhos, e são refletidos.
3. Concentração
Os feixes se encontram e explodem o ar – que se expande e empurra a nave para cima.