Caos no corredor da morte
Acabou a droga usada para executar prisioneiros - e carcereiros dos EUA estão sendo forçados a improvisar uma nova forma de matar
Ricardo Lacerda e Robson Pandolfi
Uma máquina pressiona três seringas, nas quais há brometo de pancurônio, tiopental e cloreto de potássio. As substâncias entram na corrente sanguínea, e a pessoa perde a consciência após 30 segundos. Nos quatro minutos seguintes, sua respiração desacelera e o coração para. Óbito. Nas últimas três décadas, quase 1.200 condenados foram executados dessa forma nos EUA. Mas os laboratórios americanos e europeus que produzem o tiopental não querem mais vendê-lo para uso em execuções (argumentam que o remédio não deve ser usado para matar). E os EUA estão ficando sem drogas para aplicar a pena de morte.
Para contornar o problema, foi criado outro coquetel, que mistura o sedativo midazolam com o anestésico hidromorfona. A combinação foi usada pela primeira vez em janeiro – e não deu muito certo. Dennis McGuire, de 54 anos, sentenciado à pena de morte por estuprar e matar uma grávida, foi o primeiro a receber a mistura. Ele agonizou por 26 minutos, sufocando e emitindo “sons estranhos”. A execução foi considerada um fracasso, pois causou sofrimento físico extremo – justamente o que os americanos queriam evitar quando adotaram a injeção letal na década de 1980. Das 539 execuções realizadas nos EUA nos últimos dez anos, 530 foram via injeção. Oito foram por eletrocussão, e uma por fuzilamento (o fuzilado foi Ronnie Lee Gardner, condenado por homicídio em Utah. Ele escolheu ser executado a tiros porque era mórmon, e acreditava que só consertaria o que havia feito se derramasse o próprio sangue).