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Cera de baleia e gás de cozinha

Tem uma mistura nervosa dentro da lata das espumas de Carnaval. Cuidado para não perturbá-la. Você pode explodir de diversão. Literalmente

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h47 - Publicado em 24 fev 2010, 22h00

Nathália Braga

O gás – Butano e propano
Essa dupla de gases – o butano e o propano – você conhece. Eles estão no seu fogão, porque formam o gás de cozinha. Também são o combustível de carros movidos a gás. Não os coloque perto do fogo: a dupla é altamente inflamável. Apesar de perigosa, essa mistura é essencial para a folia. Quando alguém pressiona o botão de spray da lata, os gases fazem força pra sair e levam junto toda a espuma – liberando a diversão.

O detergente – Decil Poliglucosídeo
Esqueça o nome difícil, o decil não passa de um detergente feito de milho (do amido de milho, na verdade). É ele que dá a graça na brincadeira de Carnaval: forma a espuma que cria aquele efeito de neve em flocos. Aliás, fazer espuma é com ele mesmo. Tem essa tarefa também em cosméticos, como muitos xampus.

A baleia – Ésteres
Para se manterem no fundo do mar, cachalotes produzem uma cera. A cera é rica em ésteres, como os que estão na espuma de Carnaval. Calma: no caso do Spuminha, os ésteres são feitos em laboratório, pra não incomodar as baleias. Para químicos, ésteres são sabões, por virem de gordura animal ou vegetal e fazerem espuma. Para a indústria do Carnaval, agem como um substituto barato para o decil.

O formol – Nitrito de sódio
Se a sua lata chegar à Quarta-Feira de Cinzas toda enferrujada, faltou nitrito na receita da espuma. O nitrito é um sal conservante. Preserva de espuma a salsichas. Ele reage com a água e o oxigênio dentro da lata e evita que a embalagem enferruje. Também boicota a ação da bactéria do botulismo, uma intoxicação alimentar fatal.Atenção: alguns estudos relacionam a substância ao câncer de estômago. Por isso, a lei brasileira limita a quantidade de nitrito que pode ser adicionada a alimentos.

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O solvente – Água desmineralizada
Dessa água não beberás – a menos que você queira uma baita dor de barriga. Ela é parecida com a potável, mas não tem sais minerais. A água desmineralizada não é absorvida pelo intestino, e por isso acaba descartada pelo organismo (daí a diarreia). Mas nem por isso você passará seu Carnaval no banheiro – no Spuminha, essa água funciona como um solvente, que dilui e mistura todos os outros ingredientes.

Fontes Imã Aerossóis (fabricante do Spuminha); Carlos Alberto Trevisan, do Conselho Regional de Química de São Paulo; Fernando Dutra, professor de química da Universidade Cruzeiro do Sul; Maria Cristina Ricci, professora de química da Faculdade Oswaldo Cruz; Solange Sakata, professora de química da Faculdade Oswaldo Cruz.

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