Chefes de Estado mulheres tiram licença maternidade?
Primeira-ministra da Nova Zelândia é segunda chefe de estado a engravidar na história da política moderna
Na manhã desta sexta-feira (19), a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, contou ao mundo que está grávida. O anúncio, feito pelo Twitter, trouxe um comentário curioso: “Haverá muitas perguntas, e posso assegurar que já temos planos desenhados. Mas, por agora, pode vir 2018!”, escreveu.
As perguntas, é claro, estão relacionados com o cargo de Ardern: ela é apenas a segunda Chefe de Estado a engravidar em toda a história da política moderna. Sua predecessora é Benazir Bhutto, que foi primeira-ministra do Paquistão entre 1988 e 1990 e entre 1993 e 1996 – ela engravidou no primeiro mandato.
Quando Ardern der a luz, ela entregará brevemente seu cargo como primeira-ministra. Na Nova Zelândia, a licença dura 18 semanas – e é compartilhada entre o pai e a mãe. “Ontem me encontrei com o vice primeiro-ministro, Winston Peters, para compartilhar a notícia e pedir para que ele assuma meu cargo por seis semanas após o nascimento do bebê”, disse Jacinda em um comunicado publicado pelo site Mashable. “O Sr. Peters irá atuar como Primeiro Ministro e trabalhará com o apoio da minha equipe, além de manter contato comigo durante todo o tempo que for necessário”, concluiu.
No fim da licença-maternidade, a neo-zeolandesa irá retornar ao cargo, enquanto seu companheiro, Clarke Gayford, ficará em casa cuidando do filho. “Clarke e eu somos privilegiados por estar em uma posição na qual ele pode ficar em casa para ser o cuidador primário”, adicionou a política. A possibilidade de o casal revezar a licença, inclusive, é apontada como uma saída para o estigma que a gravidez ainda representa no mercado de trabalho. Uma licença dividida entre pai e mãe, afinal, tem o poder de exterminar boa parte do preconceito contra a contratação de mulheres.
Dias após ter sido apontada como a líder do Partido dos Trabalhadores do país, em agosto de 2017, Jacinda enfrentou diversas críticas sobre a possibilidade de tornar-se mãe e manter sua carreira na política. E ela não desviou desse embate. “Para outras mulheres, é totalmente inaceitável que essa questão precise ser respondida em 2017”, afirmou a um programa de rádio na época. “A decisão sobre ter ou não filhos é inteiramente da mulher. Isso não deveria pré-determinar nada relacionado ao mercado de trabalho”.
A atitude de Ardern ressoa de maneira positiva em uma sociedade que, cada vez mais, debate esse tipo de questão. Suas últimas palavras até então, ditas para repórteres de TV, só clareiam ainda mais o tema: “Não sou a primeira mulher a executar diversas tarefas ao mesmo tempo”, disse. “Sei que essas são circunstâncias especiais, mas muitas mulheres já fizeram isso antes de mim – e muitas outras ainda o farão. Sei que realizarei esse trabalho e que a Nova Zelândia irá me ajudar a criar meu primeiro filho”, concluiu.