Cientistas estão cada vez mais perto de prever sonhos
Pesquisadores afirmam que dá para prever quando alguém está sonhando - e até ter uns insights sobre o conteúdo desses sonhos
Despertando de manhã após um longo período de descanso, você recebe um relatório. Nele constam, em detalhes, os sonhos que você teve na noite passada, coletados fresquinhos de seu subconsciente. A situação parece ter saído de um próprio sonho, produzido na cabeça de uma pessoa detalhista e que ama contar aos outros as aventuras vividas em seu período adormecido.
Essa pode ser uma realidade cada vez mais próxima: em um estudo publicado na Nature Neuroscience, pesquisadores norte-americanos relataram ter conseguido prever quando voluntários estavam sonhando – e até ter uns insights sobre o conteúdo desses sonhos.
Todo mundo sonha. Ninguém sabe exatamente por que, nem pra quê. E esse não é um grande problema, já que nem vamos mais lembrar da história no dia seguinte, especialmente se permanecermos longos períodos na cama.
Na tentativa de tornar essas memórias mais duradouras, os cientistas analisaram 32 pessoas, que tiveram seus cérebros monitorados durante um sono um tanto quanto ingrato – elas eram acordadas em intervalos regulares e cobradas a descrever o que estavam sonhando. De acordo com a NPR, alguns desses sonhos incluíam andar de bicicleta, enxergar formas geométricas em movimento e cheirar perfume.
Quando chegaram os resultados da atividade cerebral dos participantes, os autores focaram em uma região específica do cérebro, chamada no estudo de hot zone. Localizada na parte de trás do órgão, ela permanece um pouco mais ativa que o restante do corpo durante o sono.
Por causa disso, funciona como uma espécie de termômetro para os sonhos. Altas atividades indicavam presença de sonhos, enquanto frequências mais baixas sinalizavam que a pessoa não estava sonhando. Guiados por essas ondas cerebrais, os cientistas conseguiram detectar se os voluntários estavam sonhando ou não, acertando em 90% das vezes.
No entanto, faltava ainda a parte mais intrigante: antecipar os conteúdos desses sonhos, “lendo a mente” dos participantes. Os pesquisadores se voltaram para as regiões cerebrais responsáveis por estímulos específicos – como identificar um rosto, escutar uma conversa ou detectar um movimento, por exemplo. A análise dessas áreas forneceu “dicas” sobre o que se passava na cabeça das pessoas adormecidas. Quem estava sonhando com conhecidos, por exemplo, apresentou uma atividade maior na região responsável pelo reconhecimento de rostos.
Antes que os sonhos possam sair de nossas cabeças prontos para virar roteiro de filmes, no entanto, os cientistas ainda reivindicam novos estudos. Para Lampros Perogamvros, um dos autores da pesquisa, falta mapear melhor outras áreas potencialmente responsáveis pelos sonhos, como o hipocampo e amígdalas do cerebelo – onde também se formam as emoções e as memórias.