No olho. Isso mesmo. O método usado para determinar os índices de congestionamento de São Paulo, a cidade mais engarrafada do país, não tem nada de muito moderno. Para calcular a extensão das filas de carros parados, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) conta com 3 informantes. Os mais representativos são os técnicos, que, equipados com binóculo e rádio, ficam espalhados no alto de 35 edifícios estratégicos. Assim são coletados 65% das informações. Outros 19% dos dados são captados por 127 câmeras distribuídas nos trechos mais movimentados da cidade. O resto é passado via rádio por viaturas que circulam pelo trânsito. Todas as impressões são enviadas a uma central, que, com um software, interpreta os dados.
Desde a década de 1980 até hoje, o maior índice já registrado foi 229 quilômetros, em março deste ano. Parece muito? Pois a realidade é certamente pior. Apenas 846 dos 17 303 quilômetros do sistema viário do município são monitorados – menos de 5% do total de ruas, pontes, vielas e avenidas da cidade. “Além de ser impreciso, o índice cria um clima neurótico para o motorista e não aponta uma solução para o problema”, diz Sérgio Ejzenberg, engenheiro consultor de tráfego. Pelo jeito, a neurose vai continuar, mas, ao menos, a coisa deve ficar mais precisa: tudo indica que essa medição ficará mais completa a partir de 2009, quando os veículos licenciados na capital paulista deverão receber um chip de identificação. “Com 2,2 mil antenas pela cidade, será possível fazer uma contagem precisa do número de veículos que passam por minuto em cada trecho, identificar lentidões e atender a ocorrências com mais rapidez”, diz Telma Senaubar, coordenadora da CET.