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Contando a vida adoidado – acompanhe um repórter da SUPER por 14 dias

Por 14 dias, eu contei tudo na minha vida: horas de sono, peso dos alimentos e número de bebidas. (Spoiler: durmo pouco, como mal e bebo muito.) Acompanhe essa viagem.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h49 - Publicado em 15 jul 2012, 22h00

Luiz Romero

A sua vida é feita de números. Quantos minutos você passa se olhando no espelho, quanto tempo perde esperando o sinal abrir e quantas palavras vai encontrar até o final desta matéria. E acredite, depois de contadas e interpretadas, essas e outras informações podem te ajudar a viver melhor. Essa é a crença dos praticantes do self-tracking. Sim, armados com cronômetro, papel e caneta, eles registram cada acontecimento do dia, do momento que acordam até a hora que vão dormir. E as informações tiradas dessas observações regem muitas das decisões que eles tomam durante a vida.

A prática não é nova. Lembra a lista de 13 virtudes de Benjamin Franklin – de “Ordem: faça com que cada coisa tenha seu lugar” até “Limpeza: não tolere sujeira no corpo, nas roupas ou na habitação que ele cumpriu e registrou dos 20 anos ao fim da vida. Também remete às vítimas de diabetes, que controlam com precisão as taxas de açúcar no sangue. Mesmo com 3 séculos de distância, a ideia de Franklin, dos diabéticos e dos adeptos do self-tracking é a mesma: a exatidão da ciência, quando direcionada ao dia a dia, pode melhorar hábitos.

Testei essa ideia por duas semanas. E descobri que a diferença entre Franklin e eu (além de fundar os Estados Unidos e descobrir a eletricidade) é o fato de que ele não tinha um iPhone e quase duas dezenas de aplicativos para ajudá-lo nas medições. Muitos dos gráficos desta e das próximas páginas são resultados de números registrados no celular (não vou mentir: alguns em guardanapo, outros na memória). Tempos, distâncias e quantidades, de grandezas ínfimas a alturas impressionantes, foram anotados em poucos segundos e, rapidamente, guardados no bolso.

As lojas de aplicativos estão cheias de ferramentas que ajudam nas medições. O Timenote, por exemplo, o mais útil de todos, que armazena as atividades do dia de forma simples e precisa. Nele, a evolução tão buscada pelos self-trackers é destaque, pois ajuda a determinar metas. Funciona assim: quero passar mais horas dormindo. Insiro o objetivo e, com relatórios diários e mensais, feitos com barras coloridas, comparo a distância entre a realidade e o alvo.

Outro, mais simples, é o Daytum, criado pelo americano Nicholas Felton, que usou parte da própria atividade como medidor para desenvolver a ferramenta. Felton é um dos grandes divulgadores do self-tracking, com relatórios anuais que detalham a frequência de viagens, a variação de humor, tópicos de conversas e o tempo que passa com amigos e familiares. Ele criou o Daytum para medir essas e outras atividades banais, como o número de latas de refrigerante consumidas por mês. Depois de anotado, esse dado pode ser colocado na categoria “Bebidas”, por exemplo, e comparado com outros goles, de água ou de cerveja, em gráficos gerados pelo aplicativo.

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Esses são apenas dois exemplos de centenas de opções disponíveis. E essa oferta, segundo Ernesto Ramirez, do grupo de self-trackers Quantified Self, é uma das grandes responsáveis pela popularização da prática. Para Ramirez, são ferramentas como o Timenote e o Daytum (além do Tallywag, do TrackMe, do Repeatables e do SparkPeople), resultado de uma evolução tecnológica natural (que começou com a pena de Franklin), que estão tirando o aspecto tedioso do self-tracking e transformando a atividade em algo fácil e, principalmente, com resultados palpáveis.

Passei 14 dias medindo meus hábitos e, mesmo nesse curto período, aprendi alguma coisa. Percebi que como mal, muito mais carne do que verdura, e bebo muito, um pouco mais de cerveja do que água. Que durmo pouco durante a semana e que não aproveito meu tempo de trabalho como deveria. E o melhor (ou o pior): essas constatações não são baseadas em intuição, não são vagas. Sei que, no almoço, como 140 gramas de carne (e apenas 20 gramas de salada) e que, por ano, bebo 18 galões de água e 19 galões de cerveja. Que de segunda a sexta, durmo 1 hora e 10 minutos a menos do que deveria, e que, no último mês, passei 40 minutos dos meus dias fazendo qualquer coisa, menos escrevendo esse texto.

Ou seja, sei exatamente quanto devo aumentar ou diminuir para melhorar. Com esses números em mente, a meta fica clara na minha cabeça. É isso que Ramirez quer dizer quando fala de resultados mais práticos. Ou o que o Timenote esfrega na minha cara quando mostra que não bati minhas metas na segunda semana de medições. O self-tracking é real, está crescendo e pode ajudar você a mudar de vida. Ou, como no meu caso, a perceber que deveria, pelo menos, começar a tentar.

Contando tudo

Noites perdidas
Durmo pouco mais de 7h20 por noite. Mas isso porque o final de semana aumenta essa média. Sem ele, contando apenas os dias úteis, a soma cai para 6h50 por noite, muito menos do que a recomendação materna, de 8 horas. Essa 1h10 que fica faltando, acumulada durante o ano, soma 12 dias de sono atrasado.

Má alimentação
Desço para almoçar e a história se repete: muita proteína, pouca verdura. O ruim é que comer tanta carne vai prejudicar meu rim a longo prazo (ele que processa os 51 kg de carne anuais, equivalentes a 772 bifes) e comer pouca alface (apenas 480 folhas anuais) faz mal ao meu intestino.

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Papo de elevador
Chegando ao trabalho, pego o elevador. Se falasse sobre como esquentou ou esfriou durante todo o tempo que passo dentro de elevadores, durante um ano de subidas e descidas, falaria por 14 horas seguidas.

Trabalho de menos
Durmo pouco, mas, aparentemente, trabalho demais. E as aparências enganam: a média de 33 minutos que passo a mais na redação, por dia, resulta das conversas no Gtalk e das olhadas no Facebook (média de 40 minutos diários), e do tempo extra que passo no almoço (média de 11 minutos por refeição), e, não, do amor ao jornalismo.

Que nem água
Saindo da redação (e nos finais de semana), é hora de beber. A constatação assusta, mas tomo mais cerveja do que água. Por ano, são 19 galões de cevada contra 18 galões de água.

Baixa cultura
Acumuladas pela vida inteira, as 41 horas mensais de consumo de cultura viram 3 anos entre livros, filmes e discos. A conta cresce quando considero as revistas. Por ano, são 4 800 páginas. Empilhadas, alcançam 1,5 metro (é triste, mas é quase a minha altura).

Atividades mínimas
Não parece, mas pequenas rotinas diárias ocupam um espaço enorme da nossa vida. Por exemplo, acumuladas, as atividades de antes de dormir roubam 8 dias do meu ano.

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