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E se… O dinheiro deixasse de existir?

Ruim com ele, bem pior sem ele. As cidades seriam esvaziadas e muita gente morreria de fome

Por Eduardo Pegurier
Atualizado em 9 fev 2017, 15h08 - Publicado em 15 abr 2011, 22h00

Se o mundo decidisse que dinheiro é a causa de todos os males da humanidade e tentasse eliminar a moeda da nossa vida, veria rapidamente que o mundo iria ser bem mais difícil sem ele.

É que o dinheiro surgiu justamente para facilitar a troca entre as pessoas. O escambo, a forma mais rudimentar de comércio, baseada na troca de mercadorias por mercadorias, é um meio trabalhoso e demorado, já que pressupõe uma dupla coincidência de desejos. Imagine que você fabrique remédios e precise comprar arroz. Para que a troca dê certo de primeira, será necessário achar um agricultor de arroz doente precisando da sua mercadoria. Complicado. Foi por isso que, ao longo da história, mercadorias muito usadas, fáceis de transportar e de dividir se tornaram um meio de pagamento comum. Você poderia, por exemplo, trocar seus remédios por sal e comprar arroz com parte do arrecadado.

Acabar com a moeda seria voltar no tempo. “Passaríamos mais tempo tentando satisfazer a dupla coincidência de desejos do que produzindo. Dessa forma, o PIB da economia seria drasticamente reduzido”, diz Alexandre Schwartsman, do grupo Santander Brasil. Em um mundo onde é preciso ocupar-se com trocas que garantam a sobrevivência, não há tempo para produzir bens sofisticados, como ciência ou cultura. As profissões especializadas acabariam e toda a infraestrutura existente, como estradas, portos e ferrovias, seria inutilizada, já que só faz sentido em uma estrutura de comércio ágil e intenso.

Se a população se mantivesse firme no propósito de não voltar a usar nenhuma moeda comum de troca, o comércio entraria em colapso. As cidades, que são os centros mais intensos de troca na economia, seriam abandonadas e as pessoas migrariam para o campo, para viver em pequenos grupos autossuficientes. Aos poucos, a civilização que conhecemos deixaria de existir e viveríamos uma nova versão da alta Idade Média – sem cidades, sem comércio e sem muita gente: naquela época, entre os séculos 5 e 10, a economia era capaz de suportar uma população de 300 milhões de pessoas, um vigésimo da que temos hoje.

Ruim com ele…

… Bem pior sem ele. As cidades seriam esvaziadas e muita gente morreria de fome

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Fim das cidades
Para que o escambo fosse facilitado, as pessoas teriam que se organizar em pequenas comunidades. Cada família produziria um item fundamental para a sobrevivência e as trocas seriam asseguradas com base na confiança.Fim das especialidades
Sem moeda, profissionais muito especializados, como um estilista ou um cientista, não sobreviveriam com o seu trabalho. As trocas seriam feitas entre bens de primeira necessidade e fáceis de serem confeccionados.

Sem escolas
Sem especialistas, com a força física valendo mais que a inteligência e tendo que pegar na enxada desde cedo, até os conhecimentos mais simples, como ler e escrever, passariam a ser supérfluos. As habilidades seriam transmitidas de pai para filho.

O poder da força
Neste mundo, será importante construir, arar, colher. A força física e a habilidade manual voltarão a ser valorizadas. As mulheres, mais frágeis, voltarão a ser dependentes dos homens.

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Menos gente no mundo
A produtividade da economia seria drasticamente reduzida: não daria para sustentar toda a população do planeta. Muita gente morreria de fome e o planeta voltaria a ter uma população na casa dos milhões.

Mais gente trabalhando
Trabalharíamos por mais horas apenas para produzir o suficiente para comer. Teríamos que contar com toda mão-de-obra disponível: o trabalho das crianças voltaria a ser essencial para o sustento das famílias.

Estado de guerra
As interconexões criadas pelo comércio aumentam os interesses comuns entre estranhos e reduzem o risco de briga. Sem elas, a maneira de obter os recursos dos outros não seria a troca, e sim a violência.

Fontes: Alexandre Schwartsman, economista-chefe do Santander Brasil; Paulo Rabello de Castro, economista e presidente da SR Rating; Roberto Fendt, Ph.D. em economia da Universidade de Chicago e vice-presidente do Instituto Liberal; Tyler Cowen, professor de economia da Universidade George Mason, na Virgínia (EUA) e autor do blog de economia Marginal Revolution.

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