Em 1979, oito anos antes que a palavra supercondutividade caísse na boca dos povos, o Japão já havia testado na ilha de Kyushu, no Sul do país, o protótipo de um trem capaz de voar a 500 quilômetros por hora sobre um leito de ímãs supercondutores, isto é, tocando os trilhos apenas na partida e na chegada. Era o Maglev (abreviação em inglês de levitação magnética). Mas, como desde então até o ano passado só se tinha conseguido produzir materiais supercondutores (que transmitem eletricidade sem perda de energia) a 250 graus negativos, o Maglev ficou preso ao chão, feito uma curiosidade futurística, sem viabilidade comercial aparente.
Agora, com as cerâmicas que obtêm a supercondutividade a temperaturas relativamente altas (o recorde atual é 159 graus negativos), tudo isso mudou: Estados Unidos e Japão competem para ser os primeiros a colocar nos trilhos (ou melhor, a 10 centímetros acima dos trilhos) um trem supercondutor, de uso comercial. Já existe em Washington o ambicioso projeto de um sistema nacional de transportes com trens Maglev (velocidade prevista: 400 quilômetros por hora), que começaria a ser construído daqui a cinco anos. O Japão, de seu lado, quer testar o Maglev numa nova pista (embrião de uma linha de verdade), ligando Tóquio a Kofu, a oeste da capital. Sayonara, trem-bala.