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Fazer contas de cabeça é bom para o seu emocional

A mesma área do cérebro que resolve problemas matemáticos ajuda a lidar com problemas estressantes e a reduzir a ansiedade

Por Ana Carolina Leonardi
Atualizado em 31 out 2016, 19h03 - Publicado em 11 out 2016, 20h30

Você já deve ter ouvido a expressão “frio e calculista” sendo usada para descrever alguém que não demonstra nenhuma emoção. Mas um novo estudo da Universidade Duke nos Estados Unidos mostra que a inteligência emocional e a habilidade de fazer contas mentais é mais conectada do que imaginávamos.

Para a neurociência, o exercício cerebral de fazer cálculos matemáticos era chamado de “controle executivo frio”, porque era totalmente desassociado das emoções. Agora, pesquisadores encontraram as primeiras evidências de que, pelo menos no cérebro, esse processo é mais “quente” do que a gente imaginava.

Eles recrutaram 186 estudantes universitários, que passaram por ressonâncias magnéticas enquanto resolviam, de cabeça, alguns problemas da matemática. Cálculos como esse ativam a memória e estimulam uma área do cérebro chamada de córtex pré-frontal dorsolateral.

Além disso, os participantes precisavam contar de como lidaram com seus problemas mais recentes – como bombar em uma matéria na faculdade – e como estava sua saúde mental.

Quando analisaram os resultados, os cientistas perceberam que os participantes que tinham o córtex pré-frontal dorsolateral mais ativos também usavam uma estratégia muito inteligente para controlar suas emoções.

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De acordo com os relatos dos estudantes que tinham o cérebro mais estimulado pelas contas matemáticas, quando eles tinham problemas como repetir uma matéria na faculdade, a estratégia que usavam era muito parecida com o que psicólogos cognitivo-comportamentais chamam de reavaliação cognitiva.

Funciona assim: ao invés de focar na sensação negativa que aquele problema causa, a pessoa tenta analisar e processar o problema, adaptando as emoções associadas com esse acontecimento e tornando-as mais positivas (e aí a nota baixa vira motivação ou desafio, por exemplo). Quem usava esse tipo de regulação emocional também apresentou níveis mais baixos de ansiedade e depressão.

Segundo o artigo, a gestão das emoções depende de três fatores: construir expectativas, ser capaz de enxergar uma série de explicações alternativas  e fazer análises racionais santes de sair fazendo julgamentos – habilidades necessárias também nas contas matemáticas.

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“Nossa pesquisa mostra a primeira evidência direta de que nossa habilidade de regular emoções como medo ou raiva reflete a capacidade do cérebro de fazer cálculos numéricos mentalmente”, falou Matthew Scult, autor do estudo.

Só que o estudo tem a famosa limitação das correlações: não dá para saber que fator causou o outro. Ou seja: pode ser que pessoas que já tem uma melhor regulação emocional sejam melhores em fazer cálculos matemáticos mentais. A solução que os pesquisadores querem adotar é acompanhar crianças até a vida adulta e ver qual das habilidades se apresenta primeiro.

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