Heroínas, ventanias e picuinhas
De uma vez por todas: bolacha é comida ou tapa na cara?
Felipe van Deursen
MULHERES SÃO DE LONDRES
Algumas das 13 colônias que formam hoje os Estados Unidos têm nomes de mulheres. Vossa Graça poderia explicar?
Denise Moreira,
United States of Sobral, CE
O motivo são os reis (e rainhas) da Inglaterra, ex-metrópole dessas colônias. As Carolinas do Sul e do Norte são homenagem a Carlos I. Sua esposa, Henriqueta Maria, inspirou o nome de Maryland. Já Virgínia é uma referência a Elizabeth I, a rainha virgem. E Geórgia veio de Jorge II. Homenagens do tipo eram corriqueiras, lembra Mary Anne Junqueira, historiadora da USP. Assim como vossa Fidelíssima Cidade Januária de Acaraú, antigo nome de Sobral que saudava a princesa Januária, irmã de Pedro II.
A NOIVA MAIS LEGAL
As técnicas de luta de Kill Bill, como os cinco pontos que explodem o coração e arrancar olho com a mão, são possíveis?
Júlia Machado,
Campinas, SP
É possível usar as mãos para quebrar madeira e até arrancar olhos, já que os golpes fazem parte do kung fu. A técnica dos cinco pontos que explodem o coração realmente ecziste e se chama “toque da morte”. O golpe está ligado às origens da acupuntura, mas os mestres das artes marciais não garantem sua eficácia. Cientistas esportivos que analisaram a técnica constataram que ela é tão perigosa como qualquer golpe forte no coração. Ou seja, não tem a firula tarantinesca do filme.*
VENTO VENTANIA
É possível o ar esmagar uma pessoa? Me ocorreu a dúvida ao ver uma formiga do lado de fora do para-brisa.
Antônio Carlos Jr.,
Poços de Caldas, MG
Não, porque o corpo troca ar com o ambiente. Para a pessoa ser esmagada, é preciso haver um sistema totalmente fechado, sem troca de ar. Imagine alguém num uniforme todo vedado, parecido com o de astronauta. Aí, se houver uma pressão absurdamente alta, o mané seria trucidado. É o que explica Daniel Vanzella, do Instituto de Física de São Carlos, da USP. “Mas, muito antes do corpo de nossa hipotética cobaia ser esmagado, ela já teria morrido por asfixia, já que não conseguiria respirar”, explica Vanzella. A formiga, portanto, passa bem.
FALA, FALA, NSA!
Oráculo que tudo vê e que por Obama é visto, por que, quando estou cansado ao acordar, não consigo mastigar bem?
Gustavo Henrique Ferreira Reis Costa,
Uberlândia, MG (se couber, pode pôr o nome completo)
Pior que coube. Possivelmente sua musculatura – na boca e em todo o resto – fica muito relaxada ao acordar. É preciso esperar o corpo se aquecer, pegar no tranco, para funcionar melhor. Mas é melhor checar direito isso aí. Qualidade do sono, bruxismo, ronco e alguns remédios podem estar relacionados ao problema. Tente falar seu nome inteiro ao acordar. Não conseguiu? E na hora de comer cereal? Babou tudo no seu pijama do Ben 10? Então, talvez seja bom procurar um médico.**
O BILIONÁRIO MAIS LEGAL
Qual é a estimativa de custo da armadura do Homem de Ferro?
Tarcísio Coelho,
Brasília, DF
Se considerarmos o total gasto nas oito versões da armadura, chegamos ao valor surreal de US$ 1,4 bilhão. Só a versão mais aprimorada dela custou US$ 500 milhões, segundo o site inglês Money Supermarket, que fez as estimativas. Isso porque essa conta não considera os acessórios tecnológicos, como o reator nuclear, o capacete de projeção holográfica e as botas com propulsores a jato. Essas bugigangas agregam um baita valor à armadura.
GRANDE DILEMA
Oráculo, o Magnífico, os internautas querem saber: o certo é “bolacha” ou “biscoito”?
Thales Azevedo,
Senador Canedo, GO
Primeiro, eu queria cumprimentar os internautas: oi, internautas. As duas formas estão corretas, mas há diferenças. Bolacha é um tipo de biscoito, em forma de disco. Outros formatos, como rosquinhas ou bolinhas, são chamados genericamente de biscoito. O mais correto, então, é bolacha água-e-sal e biscoito de polvilho, por exemplo. Mas, na prática, esse é um fla-flu linguístico que separa o País.***
Fontes:
*Alexandre Ribeiro, presidente da Federação Interestadual de Kickboxing e Artes Marciais
**Roberta Bombardi, fonoaudióloga especialista em motricidade orofacial
***Cláudio Moreno, professor de literatura e autor de O Prazer das Palavras