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Meninas acreditam que são menos “brilhantes” que meninos

Estudo explica como estereótipos influenciam as crianças e mostra que meninas, ainda pequenas, acreditam que “superinteligência” é mais comum em garotos

Por Giselle Hirata
30 jan 2017, 14h51

“Uma pessoa no meu escritório é muito, muito inteligente. Ela é capaz de resolver problemas mais rápido e melhor do que qualquer um”. Essa foi uma das descrições apresentadas para um grupo de 400 crianças, que tinha que descobrir o gênero do tal funcionário brilhante.

Meninos e meninas de 5 anos de idade deram a mesma resposta: “a pessoa é do meu gênero”. Já as meninas de 6 e 7 anos tiveram dificuldades em associar a inteligência com o seu próprio sexo e, de acordo com o resultado divulgado pela revista Science, estão entre 20% e 30% menos propensas a acreditar que são tão “brilhantes” como os garotos.

Um dado interessante da pesquisa é que meninos e meninas concordam que elas têm as melhores notas na escola – o que indica que as crianças não associam o sucesso escolar com habilidades inatas ou inteligência.

Outros testes foram realizados para comprovar o resultado preliminar. Os cientistas apresentaram uma série de imagens com pares de adultos (alguns do mesmo sexo e outros de sexos opostos). As crianças tinham que escolher a pessoa que imaginavam ser a mais inteligente. Também tinham que combinar certos objetos e traços com a imagem de homens e mulheres.

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Em conjunto, os resultados mostraram que os meninos escolheram pessoas de seu sexo como “realmente inteligentes” 65% das vezes, enquanto as meninas escolheram o seu gênero como “brilhante” 48% das vezes.

A equipe também apresentou a um grupo de crianças (de seis e de sete anos de idade) dois jogos semelhantes – um foi descrito como “para crianças muito, muito inteligentes”, e o outro como “muito, muito difícil”. Meninos e meninas apresentaram o mesmo interesse no jogo difícil, mas poucas garotas optaram pelo jogo de crianças “inteligentes”.

Andrei Cimpian, co-autor do estudo da Universidade de Nova York, espera que a pesquisa ajude no desenvolvimento de intervenções que impeçam que os estereótipos afetem as escolhas de carreira das mulheres. O cientista acredita que as ideias iniciais sobre gênero, analisados em crianças, podem fazer com que garotas fujam de carreiras associadas a “alta inteligência”, como a neurociência ou a engenharia.

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Christia Spears Brown, professora de psicologia na Universidade de Kentucky e autora da pesquisa Parenting Beyond Pink and Blue, disse que a pesquisa se encaixa com o seu trabalho, mostrando que pais e professores atribuem notas de matemática de diferentes maneiras: para meninas, pelo esforço, e para meninos, pela habilidade.

“Este estudo mostra que as meninas estão internalizando essas mensagens culturais no início do desenvolvimento, acreditando que, sim, elas podem trabalhar duro, mas elas não são naturalmente muito inteligentes”, disse ela ao The Guardian. “Essas crenças podem ter implicações importantes para os tipos de caminhos escolares que as crianças escolhem e mostra porque as meninas não optam por áreas como a física, mesmo tendo boas notas na escola.”

Dame Athene Donald, professora de física experimental da Universidade de Cambridge, concorda com a afirmação. “Se quisermos ter uma mão-de-obra equilibrada entre engenheiros, matemáticos e físicos no futuro, é claro que as intervenções na escola não serão suficientes”, disse em entrevista ao The Guardian. “Pais, professores e mídia precisam trabalhar muito para erradicar os estereótipos de gênero e na maneira como eles falam sobre o assunto com as crianças”

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Os responsáveis pelo estudo esperam determinar onde mais as percepções das crianças sobre a inteligência podem se originar. Enquanto isso, eles sugerem enfatizar a perseverança, em vez da inteligência, ao promover atividades educacionais para meninas e meninos.

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