Ricardo Torrico
Erro – Esquecer desse hábito de higiene, depois de usar o banheiro, trocar uma fralda de bebê ou alimentar uma criança.
Quem – A maior parte da humanidade.
Quando – Todos os dias.
Consequências – Milhões de crianças mortas todos os anos por causa de doenças como pneumonia e diarreia, principalmente nos países em desenvolvimento.
Lavar as mãos depois de usar o banheiro parece uma atitude óbvia, não parece? Afinal, a importância desse hábito é algo que se aprende desde criança. Mas a humanidade parece não ter aprendido direito a lição. Pelo menos, é o que demonstram algumas pesquisas recentes.
Nos EUA, a Sociedade Americana de Microbiologia divulgou os resultados de estudo que avaliou o comportamento de 6 mil pessoas em 4 grandes cidades do país. Câmeras foram instaladas na área dos lavatórios em banheiros públicos. E as imagens revelaram que um terço dos homens não lavou as mãos. Entre as mulheres, o resultado foi melhor: 88% delas lavaram. Mesmo assim, o índice foi considerado inadequado pelos pesquisadores, principalmente porque os dois valores são inferiores aos observados em outro estudo do gênero, realizado em 2005.
A situação verificada por essa pesquisa nos EUA parece se repetir em outras partes do mundo. Uma pesquisadora britânica acompanhou em vários países, também por meio de câmeras escondidas, a atitude de pais após trocarem a fralda dos filhos. Descobriu que, em algumas localidades da África, o índice dos que lavavam as mãos depois da troca não passava de preocupantes 12%. Os melhores resultados – não tão animadores assim – foram encontrados na Europa: apenas 60%.
O Brasil também está longe de ser considerado um bom exemplo. Uma pesquisa realizada em 2010 – por encomenda de um fabricante de produtos antibacterianos – demonstrou que, entre 1.057 brasileiros ouvidos, apenas 11% lavavam as mãos antes de alimentar uma criança; só 49% o faziam depois de usar o banheiro; e meros 21% lavavam depois de tocar em algum animal. “Embora pareça conversa de mãe, esse é um problema sério”, diz Celso Luís Cardoso, professor de Microbiologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no Paraná. “Várias doenças graves podem ser transmitidas pelas mãos, entre elas, a tuberculose. Sem contar as menos preocupantes, como gripes, micoses e conjuntivites.”
Saúde pública
O hábito de lavar as mãos é importante, segundo os especialistas, principalmente como método de prevenção a uma variedade de doenças diarreicas e respiratórias que matam milhões de crianças todos os anos ao redor do mundo – especialmente nos países em desenvolvimento. “O treinamento das crianças para que sempre lavem as mãos, portanto, pode se transformar numa ação eficiente de saúde pública na prevenção dessas doenças”, afirma o médico Luis Fernando Correia. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), duas doenças que podem ser transmitidas pelas mãos são as maiores causas de mortalidade infantil no mundo: a pneumonia, que mata anualmente cerca de 1,8 milhão de crianças todos os anos, e a diarreia, que faz aproximadamente 1,5 milhão de vítimas por ano.