No desenho animado, tudo acaba bem. Nemo é resgatado e volta a morar com sua família no fundo do mar. Mas cientistas australianos descobriram que, na vida real, o desfecho está mais para o drama. Com o aquecimento global, os oceanos estão ficando mais ácidos – o que, no futuro, poderá arrasar o senso de direção dos peixes-palhaço. Isso porque os Nemos da vida real se orientam “cheirando” os minerais da água. Quando ela fica mais ácida, os peixinhos não conseguem sentir os minerais e ficam perdidos – não localizam seu habitat, os bancos de corais.
E isso vai acontecer. Hoje, o grau de acidez (pH) dos oceanos é de aproximadamente 8,15. Os cientistas preveem que, até o final deste século, os mares fiquem ligeiramente mais ácidos, com pH de 7,8. É uma diferença pequena (o pH da água encanada que você bebe na sua casa pode variar muito mais, de 6 a 9,5). Mas, para os peixes-palhaço, é um verdadeiro pesadelo. Uma experiência feita por biólogos australianos revelou que os peixes-palhaço começam a exibir sinais de confusão quando colocados em água com pH de 7,8. Além de ficarem desnorteados, eles perdem a capacidade de reconhecer os próprios pais (habilidade que essa espécie desenvolveu para evitar a reprodução entre membros de uma mesma família).
Outros tipos de peixe, como o salmão, também vão ficar totalmente desorientados. Eles podem se adaptar às mudanças, mas os biólogos não são muito otimistas quanto a isso. “Isso [o aumento de acidez] está acontecendo muito rápido, 100 vezes mais depressa que a última grande acidificação dos oceanos”, afirma o biólogo Philip Munday, um dos autores da experiência.
Outros bichos que não sabem para onde ir
Vacas
Por algum motivo, os bovinos gostam de ficar alinhados com o eixo magnético da Terra. Quando há linhas elétricas por perto, a bússola interna dos animais se desregula – e eles começam a pastar desalinhados. Só falta descobrir o que isso pode causar.
Aves migratórias
O aquecimento global, com seus invernos mais quentes, está fazendo com que espécies adiem suas migrações ou se percam. Os grous, por exemplo, estão trocando a Espanha pela Alemanha – e afetando o ecossistema de lá.
Morcegos
As torres de energia eólica são fatais para os morcegos. Elas geram uma turbulência que confunde o senso de direção dos bichinhos – que são atraidos para perto das hélices, onde há zonas de baixa pressão que estouram seus pulmões.