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O negócio do século

Comércio ilegal de drogas movimenta 300 bilhões de dólares por ano.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h47 - Publicado em 31 ago 1998, 22h00

Igor Fuser

Os países pobres produzem e os ricos consomem

Por trás das vidas arruinadas pelas drogas esconde-se o negócio mais próspero que já existiu na face da Terra. O narcotráfico movimenta, segundo a polícia americana, 300 bilhões de dólares por ano – quase seis vezes o total das exportações brasileiras em 1997, de 53 bilhões. Organizações criminosas como os cartéis colombianos ou as “tríades” chinesas podem faturar mais do que multinacionais como a IBM ou a General Motors. Como você pode notar no mapa da página anterior, o comércio internacional de drogas segue na contramão dos investimentos financeiros e da importação de alta tecnologia. A maconha, a cocaína e a heroína viajam da zona pobre do planeta, a Ásia, a África e a América do Sul, onde são produzidas, para os mercados consumidores nos países ricos. Só nos Estados Unidos existem 12 milhões de usuários de drogas, segundo dados oficiais. O combate ao narcotráfico mobiliza as polícias do mundo inteiro. No entanto, as apreensões não representam mais do que 10% de todo o comércio ilegal de drogas. As quadrilhas usam métodos cada vez mais sofisticados. Descobriu-se que algumas delas possuem seus próprios cachorros farejadores, treinados para cheirar as remessas escondidas na bagagem – igualzinho aos cães utilizados pela polícia nos aeroportos. Assim, os traficantes são capazes de detectar, antes do embarque, todos os odores capazes de chamar atenção quando as malas passarem pela Alfândega.

A globalização das economias e o aumento do comércio e das viagens internacionais dificultam o controle. No porto holandês de Roterdã, um dos portões de entrada na Europa, são desembarcados 5 milhões de contêineres por ano. Uma vistoria rigorosa em cada uma dessas caixas leva uma semana. A polícia se limita, por isso, a inspecionar os carregamentos por amostragem. A maioria é liberada sem qualquer tipo de revista. Imagine o que não passa.

O tráfico nas Américas

Cartéis colombianos – São os responsáveis por 80% da cocaína consumida no planeta. Adotaram uma estrutura de operação descentralizada após a destruição dos famosos cartéis de Cali e Medellín.

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Cartéis mexicanos – Despacham a cocaína colombiana para os Estados Unidos, pela fronteira terrestre e de navio, junto com grandes carregamentos de maconha.

O tráfico na África

Máfia nigeriana – Especializada no envio da cocaína colombiana para a Europa. Suas rotas passam pelo Brasil, onde a droga entra pela selva amazônica, impunemente.

O tráfico na europa

Cosa Nostra – Os mafiosos italianos distribuem heroína, haxixe, cocaína e ecstasy. Operam também na “lavagem” dos lucros em paraísos fiscais.

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Máfias russas – Dominam o Leste. Distribuem a heroína produzida nas antigas repúblicas soviéticas e no chamado Crescente Dourado, entre o Paquistão e o Afeganistão.

O tráfico na ásia

“Tríades” chinesas – Em número de cinco, essas organizações, criadas há séculos para combater o despotismo dos imperadores, dominam o comércio de drogas. Seu principal produto é a heroína, comprada dos “senhores da guerra” que controlam o Triângulo do Ouro, uma enorme área entre a Tailândia, o Laos e o Mianmar.

O dinheiro sujo que corrompe todo o planeta

O narcotráfico corrompe tudo o que encontra pelo caminho. Políticos, militares, juízes, policiais, banqueiros, camponeses, favelados e até guerrilheiros comunistas (como na Colômbia) ou islâmicos (como no Afeganistão) são subornados por traficantes, no mundo inteiro. Não admira que seja tão difícil erradicar esse comércio. Como convencer um camponês boliviano a plantar milho se pela colheita de coca ele consegue uma renda muitas vezes maior? E um garoto de morro do Rio a ir à escola, recusando o salário de 1 000 reais oferecido pelos traficantes? O Cartel de Medellín, na década de 80, trouxe à Colômbia mais dólares do que o total investido legalmente no país naquele período. Isso só acontece, é claro, porque existe demanda. Só nos Estados Unidos, os usuários de cocaína são 2 milhões. Consumidores ou produtores, ninguém está imune à desmoralização. O narcotráfico corrói todos os valores, a começar pela idéia de progresso com base no estudo e no trabalho. Quem duvidar, que aponte um só país que tenha saído da miséria por exportar drogas.

Viagem para a morte

“Mulas” transportam a droga dentro do próprio corpo.

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Assim como estas cápsulas de haxixe, fotografadas no Marrocos pouco antes de serem engolidas, os traficantes transportam heroína, cocaína, LSD e anfitaminas escondidas dentro do corpo, para burlar os radares dos aeroportos. Para isso usam os “mulas” – pessoas recrutadas pelo narcotráfico que viajam com a droga dentro do aparelho digestivo. O risco é imenso. Os “mulas” chegam a engolir noventa saquinhos de 10 gramas, que depois são expelidos com o auxílio de laxantes. Quando um arrebenta, o coração não agüenta o aumento brutal na pressão sangüínea. É morte certa. E muito dolorosa.

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