O passado iluminado de Varsóvia
Neon Muzeum, Varsóvia, Polônia: no bairro mais descolado da capital, um galpão preserva sinais de néon usados durante os anos de Guerra Fria
Renata Miranda
Atrás de portas enferrujadas, brilham cerca de 50 sinais em néon que iluminaram a Polônia por décadas. Eles fazem parte do acervo do Neon Muzeum, um dos mais preciosos tesouros deixados pelos anos de Guerra Fria, uma parte da história que muitos poloneses não gostam de lembrar.
Os sinais exibidos no museu começaram a ser produzidos no final dos anos 50, quando a União Soviética encontrou no néon um material de propaganda que conciliava socialismo a uma forma de consumo ordenada e padronizada. Nas décadas seguintes, arquitetos e designers criaram placas e luminosos que se espalharam por todo o país.
No museu, os textos exibidos pelos luminosos são simples, indicando o tipo de estabelecimento ou o produto comercializado no local. Sempre que possível, eles refletem a ideologia do Partido Comunista. Como o néon rosa do Restauracja Szanghaj, restaurante cuja principal finalidade era introduzir na Polônia a culinária dos camaradas chineses.
Instalado na Soho Factory, um complexo industrial construído no começo do século passado e considerado o novo centro criativo de Varsóvia, o Neon Muzeum conta de um jeito inusitado esse período difícil da história do país, quando publicações eram censuradas e protestos eram respondidos com prisões em massa.
O museu divide calçadas com restaurantes, galerias de arte e escritórios de empresas de tecnologia, iniciativas de gente que quer trazer um espírito de inovação à capital polonesa. É um retrato dessa nova Polônia, que anda para frente, mas não deixa de olhar para trás. Mesmo se o passado for uma lembrança triste em néon.
VÁ – Pegue a linha 8 do bonde, desça na parada Goclawska e caminhe dois quarteirões até a Soho Factory. Minska 25, galpão 55.
QUANDO – As temperaturas na capital polonesa ficam mais amenas durante a primavera europeia.