Teoricamente, os lençóis freáticos devem ser correntes subterrâneas de água pura. Na prática, até a água que vem da terra pode estar contaminada pela poluição, adverte um estudo da Universidade de São Paulo. “A situação ainda não é catastrófica, mas precisamos prevenir”, avisa o geólogo Aldo Rebouças, que dirige uma dúzia de pesquisadores de diversas áreas, igualmente preocupados com a qualidade das águas que ficam entre 5 e 10 metros de profundidade. Não é para menos: os lençóis, que alimentam as nascentes dos rios, demoram anos para se renovar. “Qualquer coisa jogada na terra, como lixo, pode contaminar a água”, explica Rebouças.
Por exemplo, um estudo recente nas regiões produtoras de álcool do interior paulista, onde um subproduto da cana chamado vinhaça é usado para irrigar o solo, mostra que, por causa disso, a quantidade de ferro na água dos lençóis alcança limites perigosos. Por lei, a vinhaça não pode ser jogada nos rios. Mas quem a joga na terra acha que não está poluindo nada.