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Prêmio Ig Nobel – O tapete vermelho da ciência maluca

Todo ano, desde 1991, a Universidade Harvard recebe a cerimônia do Ig Nobel, um prêmio para pesquisas aparentemente esdrúxulas. Nossas preferidas, a seguir

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h48 - Publicado em 31 Maio 2012, 22h00

1991 – Banco de esperma VIP

O milionário norte-americano Robert Klark Graham foi um dos agraciados na primeira edição do prêmio. No final dos anos 70, criou um banco de sêmen exclusivo onde apenas esperma de ganhadores do Prêmio Nobel entrava. Mais tarde, Graham decidiu ampliar a rede – afinal, seria difícil repovoar a Terra com tão poucos doadores, muitos deles velhinhos – e incluiu na lista de colaboradores jovens inteligentes e saudáveis. Enquanto funcionou, de 1980 a 1999, o banco foi responsável pelo nascimento de 217 crianças. Como a maioria permanece no anonimato, não dá para medir se o projeto poderia criar uma geração de super-homens.

1993 – Contatos imediatos de 3º grau

O psiquiatra da Escola de Medicina de Harvard John Mack dedicou seus estudos às interações de homens e ETs. No início, supunha que os relatos de abdução que ouvia no consultório eram algum transtorno. Passada uma década de entrevistas com abduzidos, mudou de ideia: eles foram mesmo sequestrados. Com que propósito? O historiador David M. Jacobs, que dividiu o Ig Nobel com Mack em 1993, responde: nossos vizinhos no Universo estão comandando experimentos para produzir bebês híbridos de aliens com humanos. Ah, tá.

1996 – Bonecas infláveis no grupo de risco

A médica groenlandesa Ellen Kleist ganhou o prêmio por tornar público um caso inesperado de contaminação de gonorreia. Era uma vez um capitão que ficou 3 meses no mar. No desembarque, apresentava sintomas da doença venérea, mas não havia mulheres a bordo e ele negou qualquer relação homossexual. Então resolveu falar a verdade: uma noite, foi acordar o engenheiro em sua cabine para resolver uma questão técnica. Enquanto isso, reparou que o companheiro de viagem tinha uma boneca inflável. Resolveu perguntar se ela vinha sempre ali e… o resto você já sabe. O engenheiro foi examinado e também estava com gonorreia. Moral da história: não confie em ninguém. Mesmo.

2000 – Detalhes tão pequenos de nós dois

Ao longo dos anos 90, 8 casais toparam transar na frente de médicos do Hospital Universitário holandês para registrar pela primeira vez aspectos da anatomia durante o ato sexual com ressonância magnética. Os cientistas queriam ver se as descrições dos livros batiam com a realidade mostrada por um equipamento de última tecnologia. O estudo concluiu que o útero não “cresce” com a excitação feminina, como se pensava. Tanto pioneirismo valeu a estatueta de Medicina.

2005 – Nado no xarope

Na Universidade de Minnesota, Edward Cussler levou a cabo a primeira competição de nado no xarope – o que lhe rendeu o Ig Nobel de Química. Ele e seu aluno Brian Gettelfinger – que por pouco não competiu nos jogos de Atenas em 2004 – jogaram numa piscina de 25 metros 300 quilos de goma guar. A substância, usada para dar liga a sorvetes, deu à água a consistência de meleca de nariz. Um time de 16 nadadores foi convocado para fazer o seu melhor na piscina normal e na piscina de xarope e tiveram seus tempos cronometrados. Não houve diferença significativa nos tempos.

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Cussler não só se tornou celebridade na faculdade como também resolveu uma antiga rixa entre Isaac Newton e seu contemporâneo Christiaan Huygens. Newton supunha que a velocidade de um objeto em um fluido dependia da viscosidade. Para Huygens, não. O experimento do xarope mostrou que o segundo estava certo: do mesmo jeito que um líquido viscoso aumenta o atrito, o empuxo do nadador também é maior, de modo que essas forças se anulam.

2008 – Brasil-sil-sil-sil-sil

Os brasileiros Astolfo Gomes Araújo e José Carlos Marcelino levaram o prêmio na categoria Arqueologia por um experimento no zoológico de São Paulo com tatus. Os dois enterraram pedaços de cerâmica e pedras lascadas na morada dos tatupebas. Esperaram 50 dias e escavaram. Viram que os bichos mudam a quantidade de sedimento localizado sobre as peças – informação usada para medir a idade de sítios arqueológicos.

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2009 – Alquimia alcoólica

Pesquisadores da Universidade Nacional Autônoma do México descobriram um jeito de tirar o país da pior, na crise de 2008. Eles sintetizaram microdiamantes a partir do patrimônio mexicano mais conhecido e apreciado no mundo: a tequila. Os cristais que apareceram tinham entre 100 e 400 nanômetros (a bilionésima parte de um metro) e dificilmente renderiam um anel de noivado de fazer vista. Mas valeram o Ig Nobel na categoria Química.

2010 – Campanha anual de prevenção de acidentes

A doutora Lianne Parkin, da Universidade de Otago, Nova Zelândia, é uma cientista engajada na fiscalização da venda segura de remédios. Preocupada com o bem-estar de seus pares, publicou um artigo no New Zeland Medical Journal mostrando também como evitar quedas no inverno. Para a doutora, basta usar as meias por cima dos sapatos para aumentar o atrito quando caminhar por trilhas congeladas. Levou o Ig Nobel na categoria Física. A moda não pegou.

Respira fundo

Pesquisadores da Universidade de Amsterdã inventaram um novo remédio para as crises de asma: a montanha-russa. Seu objetivo era mostrar como o estresse influencia a percepção da dispneia – dificuldade de respirar provocada por doenças pulmonares e cardíacas. No estudo, 25 mulheres com asma crônica e 15 saudáveis deram repetidas voltas na montanha- russa e tiveram suas reações fisiológicas medidas antes e depois dos passeios. Os cientistas concluíram que a sensação de falta de ar era maior nas mulheres doentes antes do embarque do que imediatamente depois da brincadeira.

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