Sérgio Gwercman, redator-chefe
O mundo está desabando, eu sei. Só crise, crise e crise. Mas é quando o mundo cai que uma das características mais impressionantes da humanidade aparece: a gente sempre, sempre, anda para a frente – mesmo despencando. E é por isso que quando eu olho pela janela para o lado de fora desse caos, enxergo um solzinho aparecendo lá no meio das nuvens.
Se você tem dinheiro na bolsa, sinto muito. Não é a recuperação do preço das ações que eu estou vendo. É melhor: um novo capítulo na maneira como tratamos as minorias. Veja bem, eu não sei se o Obama vai ser um bom presidente. Não sei se ele vai conseguir atender às esperanças que os americanos, os franceses, os georgianos, os paquistaneses e os tibetanos depositam no seu mandato. Se ele vai dar um jeito na Guerra do Iraque ou resolver o problema das suas ações. Sério, não é isso que interessa agora. A eleição de um negro para governar os EUA é um evento em si: há apenas 4 décadas, o país os proibia de comer ao lado de brancos. Agora, em plena crise, escolhe um negro como líder. É uma mudança e tanto. Se você quer entender melhor por que a cor da pele do presidente americano é um marco tão relevante, leia com atenção a reportagem escrita por Karin Hueck. Começa na pág. 80.
O Obama, porém, não é a única notícia boa. No Essencial, que está na pág. 31, a gente olha para o futuro. E enxerga na ruína dos mercados a semente de uma nova economia, verde e sustentável. A chave desse milagre está no tamanho dos lucros que as energias limpas prometem trazer a quem apostar nelas. E bons lucros, você deve saber, são produto em falta no mundo dos negócios – e também a melhor isca que existe para fazer uma boa idéia dar certo. Há, pelo jeito, uma luz verde piscando no fim do túnel da crise. E, se isso realmente acontecer, se o próximo ciclo de crescimento trouxer junto uma economia que não polui, mais uma vez teremos conseguido andar para a frente enquanto caímos.
Sou o único otimista por aí?