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Quem foi? O maior malandro da história

O escocês Gregor MacGregor, 171 até no nome, inventou e vendeu um país, lucrando com a ganância e a ignorância alheias

Por Alexandre Rodrigues
Atualizado em 31 out 2016, 18h53 - Publicado em 25 fev 2011, 22h00

Um herói que vira vigarista, promessas de lucros fabulosos e prejuízos bem reais. O enredo lembra o escândalo de Bernard Madoff, investidor preso em março de 2009 após causar uma perda de US$ 65 bilhões a seus clientes, mas é de uma história ainda mais impressionante. No século 19, Gregor MacGregor não deu um golpe só com ações e títulos: ele vendeu um país que não existia.

Nascido na Escócia, em 1776, MacGregor juntou-se à Marinha Britânica aos 17 anos para lutar contra Napoleão. Aos 25, ouviu falar de Simón Bolívar, cruzou o oceano e passou os 6 anos seguintes lutando pela independência da Venezuela. Ao partir, em 1817, não apenas tinha sido promovido a general como estava casado com a prima do Libertador.

Pelos 3 anos seguintes, o escocês viveu como pirata na Flórida e no Caribe. Após participar de uma fracassada invasão inglesa do Panamá, em 1819, vagou a pé até chegar a Mosquitia, região selvagem hoje na fronteira de Honduras e Nicarágua.

Consta que MacGregor embebedou o rei local com uísque escocês e, entre um “te considero pra caramba” e outro, conseguiu ser nomeado “príncipe Gregorio I”, um cargo simbólico.

Ao voltar a Londres, no entanto, passou a se apresentar como cacique de Poyais, uma monarquia com instituições sólidas, economia moderna e um exército respeitável. E todo mundo acreditou.

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Não faltaram interessados quando MacGregor começou a vender terras e cargos da nação de faz-de-conta. Dois navios partiram da Inglaterra, em 1822 e 1823, seguindo coordenadas rumo a um ponto isolado de Mosquitia. A bordo, a futura elite de Poyais – mercadores, médicos, advogados e até um banqueiro -, que havia comprado cargos no governo, além de camponeses que haviam vendido suas fazendas para comprar latifúndios de faz-de-conta. O escocês? Aplicou o golpe do Swing da Cor (“avisa lá que eu vou chegar mais tarde”) e escafedeu-se.

Ao desembarcarem, os britânicos tiveram uma surpresa: a moderna capital, Saint Joseph, não existia. Nem catedrais, nem bancos, sequer um porto. Só mato. Em poucos meses, a fome, os animais selvagens e as doenças tropicais fizeram seu trabalho. Quando o ex-parceiro de trago de MacGregor mandou expulsar os invasores, só 50 dos 240 colonos estavam vivos para cumprir a ordem.

Mas o carismático MacGregor não foi atingido pelo escândalo. Para os sobreviventes, a culpa não era dele, era de seus representantes. Nos anos seguintes, ele continuou vendendo terras em Poyais, ainda que atraísse cada vez menos incautos. Finalmente, em 1839, com a morte da mulher, voltou à Venezuela, onde se aposentou com pensão de general. Em 1845, aos 58 anos, o homem que inventou um país morreu como herói nacional.
 

Grandes momentos

– Nos seus dias de herói, Gregor MacGregor não poupou façanhas. Em 1817, com uma tropa de 55 mercenários, expulsou os espanhóis da ilha Amelia (hoje na Flórida), numa batalha em que disparou apenas um tiro – por engano. Mais tarde, MacGregor acabou vendendo a ilha a um pirata.

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– Em 1826, ele tentou aplicar o golpe de Poyais na França e foi preso. Mas acabou inocentado no processo.

– Para impressionar suas vitimas, ele também não poupou mentiras. Dizia ser descendente de Rob Roy, espécie de Robin Hood escocês. Também escreveu um atlas de Poyais e duas constituições do país.

 

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