Ainda há dúvida se foi mesmo um raio que, ao atingir uma subestação de energia elétrica em Bauru, no interior de São Paulo, deixou cerca de 80 milhões de brasileiros no escuro, na noite de 11 de março. Mas a suspeita procede. Pelo menos do ponto de vista da Meteorologia, já que o Estado foi castigado pra valer no início deste ano. Segundo Osmar Pinto Júnior, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), só em fevereiro as terras paulistas receberam 4 000 descargas. É o dobro da média, no mesmo mês dos dois últimos anos. O próprio pesquisador não descarta a hipótese de um raio ter provocado o blecaute. Apesar de não estar chovendo em Bauru, na hora do acidente, ele diz que uma nuvem carregada, a 70 quilômetros da cidade, pode ter fulminado a subestação. Sobre o excesso de raios no Estado de São Paulo, o pesquisador afirma que ainda não há uma resposta definitiva. Uma das explicações são as ilhas de calor que as grandes cidades vêm acumulando sobre os prédios e as ruas asfaltadas. Sobem, daí, bolhas de ar quente que aceleram a formação de nuvens sobrecarregadas (veja o infográfico).
1. Uma nuvem negra está repleta de gotículas de água congelada, que se mexem por causa dos eventos.
2. Nessa confusão, os granizos se chocam. A cada esbarrada, os átomos de água perdem ou ganham elétrons.
3. Criam-se, assim, duas forças elétricas, uma positiva e outra negativa.
4. Como a Terra funciona como um pólo de bateria, a nuvem lança sua carga elétrica para baixo, na forma de raio.
5. O concreto dos prédios e o asfalto das ruas se esquentam rápido demais e retêm o calor do sol por muito tempo.
6. A temperatura acelera a evaporação. As nuvens ficam mais cheias de gotículas d’água que vão virar granizo.
7. Com o excesso de granizo, crescem as trombadas entre as moléculas de água e a carga elétrica da nuvem. Daí o aumento no número de raios.