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Será que morrer é realmente assustador?

993 pessoas à beira da morte respondem: muito menos do que se imagina.

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
9 ago 2017, 19h03

O medo da morte é um tema central da experiência humana – tanto que pensar no que você faria se tivesse pouco tempo para viver se tornou um dos maiores clichês da indústria de autoajuda.

O senso comum de que a morte é uma experiência a ser temida deixou um pesquisador de Universidade da Carolina do Norte encucado. Ele tinha experiência com presos do Corredor da Morte, para quem o fim da vida tem data marcada – e não tinha certeza se era bem assim.

Bem moderno, seu grupo de pesquisa decidiu solucionar essa questão usando as redes sociais. Eles reuniram 50 voluntários saudáveis e pediram que eles escrevessem um post de blog, simulando serem pacientes terminais. Foram instruídos a escrever um único texto sobre a experiência de serem diagnosticados com um tipo incurável de câncer.

Depois, os pesquisadores levantaram 597 blogs de verdade, escritos por pessoas com esclerose lateral amiotrófica ou câncer terminal, que morreram enquanto o blog ainda estava ativo. Eles analisaram os últimos posts deixados por cada um deles.

O que eles encontraram justificou as suspeitas do pesquisador: a ideia abstrata da morte é mais assustadora do que a experiência em si. Para as pessoas que encaravam uma perspectiva de morte real, o conteúdo de suas publicações era muito mais positivo. Eles falavam de “felicidade”, “amor” e de como foram privilegiados em suas vidas até então.

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O grupo de pesquisa retornou, então, aos prisioneiros que tinham recebido a pena de morte – mais especificamente, às suas últimas palavras de 396 deles. Diferente dos pacientes com câncer, os presos estavam literalmente a minutos da morte.

Como comparação, outros 150 voluntários foram instruídos novamente a escrever suas últimas palavras, imaginando que tinham sido condenados à morte.

A análise, de novo, revelou um grande contraste. Grande parte dos presos do Corredor da Morte mencionava uma figura divina, a possibilidade de encontrar entes queridos no pós-vida e, principalmente, registravam que se sentiam “prontos” para aquele momento.

É claro que algumas pessoas fugiam da média. Alguns ofendiam funcionários da penitenciária, outros diziam que eram inocentes. Mas a regra era outra: na hora de se despedir da vida, o teor das mensagens em geral era positivo.

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Nos dois testes, porém, as pessoas que estavam imaginando a própria morte eminente tinham um tom negativo, na média. Falavam de medo, terror e ansiedade. Quanto mais distante e abstrata era a ameaça da morte, mais assustadora ela se tornava.

No entanto, os pesquisadores acreditam que essa seria uma reação natural do ser humano, comandada por uma espécie de “sistema imunológico” da nossa psique. Quando algo inevitavelmente ruim está para acontecer, buscamos ressignificar a experiência para encontrar nela um sentido maior (Deus, a vida após a morte) ou diminuir seu impacto (já fiz o que tinha que fazer).

São as mesma reações que temos a frustrações do dia a dia, como não conseguir um emprego ambicionado: diminuímos o impacto (“Não era um trabalho tão bom assim”) ou encontramos um motivo mais amplo (“Não foi da vontade de Deus que eu conseguisse a vaga”). De ambas as formas, surge uma armadura que diminui o pavor: seja de uma ameaça corriqueira ou da última a ser enfrentada.

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