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Tesouros do passado viram cal, no Piauí

Pesquisadora franco-brasileira Niéde Guidon descobriu desenhos arqueológicos na Serra da Capivara, no Piauí.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h53 - Publicado em 31 Maio 1991, 22h00

Até recentemente a origem do homem moderno praticamente se confundia com as extraordinárias pinturas pré-histórica encontrada em diversas cavernas da Europa. Nesta década, no entanto, tornou-se claro que o homem de Cro-Magno – autor das artes européias – não foi de sua linhagem.Embora ele tenha surgido há 35 000 anos, outros representantes da sua espécie, o Homo sapiens sapiens, já andavam pelo mundo mais de 50 000 anos antes. Os mais antigos ancestrais do homem moderno têm sido encontrados nas areias do Oriente Médio, mas existem pistas surpreendentes de sua antiguidade num local tão distante quanto no Piauí, onde fez desenhos ainda mais antigos que os europeus.

Agora mesmo, parte de um grande painel descoberto há dois anos foi datada por físicos de Ribeirão Preto e re velou ter 17 000 anos de idade – um pouco anterior aos desenhos da célebre Caverna de Lascaux, no sul da França.O sensacional achado, de autoria da pesquisadora franco-brasileira Niéde Guidon , será submetido a novos testes de datação; confirmado, ele transformará num dos sítios mis importantes do mundo as cavernas da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato , 50 quilometro ao sul de Teresina. Por incrível que pareça , esse raro e inestimável testemunho da evolução humana, depois de resistir a todas as provas por milhares de anos, esta ameaçado de virar cal – a reles empregada para revestir paredes .Os motivo é que a Serra da Capivara, alem de tesouros científicos, abriga depósitos consideráveis desse material, hoje ativamente explorados por diversos proprietários de terra na região. A inda mais grave é que uma grande população vive dos empregos proporcionados pela caieira.

Tudo isso dificulta enormemente a busca de uma solução, que em principio , seria obtida pela simples aplicação da lei. “No mundo inteiro, é proibido realizar qualquer tipo de obra pública ou privado em sítios arqueológicos”, explica Niéde.Ela cita um significativo exemplo recente: em Paris , interromperam-se as obras de um grande estacionamento, na Praça Notre Dame, porque no local se encontram vestígios arqueológicos.E isso não acontece apenas no mundo desenvolvido.No Brasil não se inicia a construção de um hidrelétrica antes de submeter o local a um cuidadoso exame arqueológico.

De acordo com Niéde, a exploração das caieiras na Serra da Capivara poderia – com imensa vantagem – ser substituída pela industria do turismo , por exemplo. Lucrativa e não predatória, ela garantiria emprego até melhores para a população .”As caieiras pagam salários em forma de mercadorias, caracterizando trabalho semi-es-cravo”, avalia Niéde. Alem disso , extração da cal poderia ser feita em deposito subterrâneos. Eles não ameaçam as riquezas arqueológicas, situadas mais ou menos à flor da terra.

“Como o conhecimento que acumulamos a respeito da geologia local, teremos prazer em ajudar a identificar esses depósitos “, oferece a cientista. Como medida de emergência , os pesquisadores estão solicitando o tombamento dos pontos mais ameaçados – pequenas áreas contendo uma dezena de cavernas. No entanto , em vista da importância da região , será preciso pensar numa solução duradoura , para o futuro. Inadmissível é pensar que o atraso econômico sirva de desculpa para crimes contra o patrimônio da humanidade.

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