Você tem 60% de chance de compartilhar esta notícia – sem nem ler
Pesquisa percebeu que existe uma divergência grande no número de compartilhamentos e de cliques que uma matéria recebe
Existem dois tipos de pessoa na internet: as que compartilham sem ler e as que comentam “você compartilhou sem ler!”. De acordo com um novo estudo feito pela Universidade Columbia e pelo Instituto Nacional Francês, o primeiro grupo é maioria absoluta nas redes sociais. Ou pelo menos no Twitter.
O experimento avaliou quase 3 milhões de posts no Twitter, nos quais eram compartilhadas notícias de 5 grandes sites: BBC, CNN, Fox News, New York Times e Huffington Post. Todos eles usavam o encurtador de links Bit.ly. O serviço guarda o número de clicks que cada link encurtado recebe – informação que foi utilizada no estudo.
Os pesquisadores rastrearam o número de vezes que cada link foi compartilhado, tanto a partir da fonte original quanto de posts de outros usuários. Depois, compararam essa quantidade com o número de vezes que cada link foi aberto.
Resultado: 59% dos links postados no Twitter nunca foram clicados. Ou seja: de cada 10 pessoas que compartilharam um link, 6 não tinham clicado nele (e, portanto, não haviam sequer lido a notícia).
Se a situação já não fosse familiar o suficiente, o site The Science Post, um Sensacionalista que faz paródias de notícias científicas, fez um teste parecido no mesmo mês do experimento. Publicou um texto chamado “70% dos usuários do Facebook só lêem a manchete de notícias científicas antes de comentar“. Ele trazia parágrafos inteiros de lorem ipsum, texto sem sentido usado para preencher páginas em teste. Mesmo assim, a matéria foi compartilhada por 46 mil pessoas – e o site acredita que grande parte delas não entendeu a ironia.
Piadas a parte, os autores do estudo com o Twitter acreditam que estamos mudando nossa forma de consumir informação – e isso significa estar mais disposto a compartilhar do que a ler. “As pessoas formam suas opiniões baseadas em um resumo, ou um resumo de resumos, sem fazer o esforço de ser aprofundar em um tema”, acredita Arnaud Legout, do Instituto Nacional Francês.