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A História do Rock – No Brasil

Toca Raul!

Por Ivan Pinotti
Atualizado em 29 dez 2021, 15h17 - Publicado em 1 set 2019, 13h05
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(Images Press/Getty Images)

O rock brasileiro teve seus expoentes já nos anos 1950, como os irmãos Tony e Celly Campelo, mas foi nos 1960 que o gênero se tornou predominante com a chegada de Roberto Carlos e sua turma. Com versões de canções americanas e outras originais com letras hoje consideradas ingênuas e risíveis, o movimento da Jovem Guarda dominou as rádios brasileiras até que Roberto reformatou sua carreira para o gênero romântico.

Nos anos 1970, Raul Seixas e Rita Lee mantiveram o rock aceso com músicas ainda hoje reverenciadas pelos fãs. Os lançamentos de “Você Não Soube Me Amar”, da Blitz, em 1982, e de “Menina Veneno”, de Ritchie, no ano seguinte, abriram a porteira para o surgimento de uma enorme quantidade de bandas, em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre.

As gravadoras disputavam esses nomes a tapas e o resultado é que a maioria delas ainda está em atividade.

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Trinta anos após sua morte, Raul Seixas segue como o maior ídolo do rock brasileiro, amado em todas as classes sociais e homenageado diariamente pelo bordão que se pode ouvir em quase todos os shows que acontecem neste país: “Toca Raul”. O baiano iniciou sua carreira como Raulzito (e Os Panteras) ainda em Salvador, nos anos 1960, mas foi só depois de tentar a sorte no Rio de Janeiro, perder, voltar à Bahia e mais uma vez ao Rio que sua carreira decolou. Nessa segunda chance, alcançou o sucesso com “Ouro de Tolo”, de 1973. A canção, mais filosófica do que uma crítica social, descreve sua boa situação de então (“Eu devia estar feliz porque consegui comprar um Corcel 73”) com a aparente inutilidade do sucesso em nossa sociedade (“Eu é que não fico parado sentado no trono de um apartamento esperando a morte chegar”). A chegada do letrista Paulo Coelho multiplicaria sua força em álbuns como Gita (1974) e Novo Aeon (1975). Com humor, rock’n’roll e inteligência, o Maluco Beleza tornou-se um mito que não foi apagado com sua triste morte em 1989, causada por alcoolismo desenfreado. (Andy Faria/Superinteressante)
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Saído de Brasília no fim dos anos 1970, Herbert Vianna formou os Paralamas do Sucesso, no Rio de Janeiro, banda que tinha uma pegada bem mais alegre e para cima do que as de seus colegas da capital federal, como Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude, todos influenciados pelo punk. Foi no segundo disco, O Passo do Lui, que o trio acertou a mão: “Óculos”, “Meu Erro”, “Me Liga”, “Ska” e “Romance Ideal” se sucederam nas rádios, levando os Paralamas a uma apresentação histórica no Rock in Rio de 1985. Ali, eles tocaram ainda “Inútil”, dos paulistanos do Ultraje a Rigor. O disco seguinte, Selvagem?, manteria a banda no auge. Em 2001, Herbert sofreu um acidente ao pilotar seu ultraleve, matando sua mulher e deixando-o paraplégico. De forma surpreendente, o grupo lançou um disco já no ano seguinte e engatou uma das turnês mais bem-sucedidas da carreira. De cadeira de rodas, ele estará no Rock in Rio novamente neste ano. (Divulgação/Reprodução)
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Com um talento indiscutível para a criação de pérolas pop, daquelas que não saem da cabeça, Lulu Santos dominou as rádios brasileiras nos anos 1980. Discos como Tempos Modernos, O Ritmo do Momento e Tudo Azul, com canções praianas e ensolaradas, foram coroados com sua participação no primeiro Rock in Rio, em janeiro de 1985. Nos anos 1990, sua produção continuou afiada, lançando praticamente um disco por ano, com destaque para Assim Caminha a Humanidade. Recentemente, tem chamado atenção por ser jurado de uma gincana musical na Rede Globo. Um detalhe curioso: nos anos 1970, antes de assumir o nome Lulu Santos, participou da banda Vímana, que foi celeiro também de Ritchie e Lobão, dois outros nomes que se tornariam importantes no rock brasileiro da década seguinte. (Divulgação/Reprodução)
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O Capital Inicial tem duas fases bem distintas em sua carreira. Na primeira, era um grupo de Brasília com rock cru, cujo ponto de origem havia sido a banda Aborto Elétrico, de onde saiu também Renato Russo, da Legião Urbana. Os primeiros sucessos do Capital (“Música Urbana” e “Fátima”), inclusive, tiveram a participação de Russo na composição. Essa fase acabou após cinco álbuns, que foram vendendo cada vez menos até que o fim da banda foi decretado, em 1991. No final dos anos 1990, o Capital teve uma segunda chance. Voltou com uma pegada mais leve e agradou em cheio a uma nova geração de adolescentes que nunca tinha ouvido falar em Dinho Ouro Preto. Tornou-se uma banda nacional, cujo sucesso segue até hoje, com oito novos discos e uma eletricidade impressionante para um pessoal que já passou dos 50. (Divulgação/Reprodução)
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Os Titãs começaram a banda com nove membros, sendo que seis deles cantavam. Ao lançar seus primeiros trabalhos, no entanto, já estavam reduzidos para oito. É dessa formação clássica, nascida no colégio paulistano Equipe, e que durou cerca de dez anos, que saíram hits que embalam ainda hoje seus fãs. Quase todos os sete álbuns dessa fase tiveram uma repercussão enorme, com destaque para Cabeça Dinossauro, de 1986, talvez a obra-prima dos Titãs. A saída de Arnaldo Antunes em 1992 abalou o grupo, que voltou a se encontrar no final daquela década graças aos programas acústicos da MTV, que renderam dois álbuns seguidos. A morte por atropelamento de Marcelo Frommer, em 2001, e as saídas, ao longo dos anos, de três outros integrantes, reduziu os Titãs a um trio. É assim que Branco Mello (vocais e baixo), Sérgio Brito (vocais e teclado) e Tony Bellotto (guitarra) se apresentarão neste próximo Rock in Rio. (Divulgação/Reprodução)
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Os Mutantes são uma banda totalmente fora da curva na história do rock brasileiro. Originalíssima e com excelentes instrumentistas, ela despontou na onda da Tropicália de Caetano Veloso e Gilberto Gil nos anos 1960. Rita Lee e os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias lançaram cinco discos, todos excelentes (elogiados por Kurt Cobain, por exemplo, até a saída da cantora para assumir uma muito bem-sucedida carreira solo. Sérgio Dias carregou sozinho a banda no final dos anos 1970, com um estilo progressivo e sem sucesso. Em 1982, Arnaldo pulou da ala psiquiátrica de um hospital, bateu a cabeça de forma grave e nunca mais foi o mesmo. Ainda hoje há revivals com outras cantoras no lugar de Rita Lee. (Divulgação/Reprodução)
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Formado ainda nos anos 1980 como um cover dos Ramones, os Raimundos chamaram a atenção na década seguinte com um rock bem pesado e letras que poderiam ter saído de um filme de sacanagem. A receita pegou a molecada em cheio. O vocalista Rodolfo deixou a banda em 2001, após se converter à religião evangélica. Desde então, o guitarrista Digão assumiu os vocais. (Divulgação/Reprodução)
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A Legião Urbana foi um dos últimos grupos da onda de rock brasileiro dos anos 1980 a lançar um disco. Mas se tornou rapidamente a melhor e mais bem-sucedida delas. Russo era, acima de tudo, um grande compositor e letrista. Também tinha um modo de cantar original, bem grave, e combatia o estereótipo da figura do roqueiro ostentando um óclinhos típico nerd. O primeiro álbum já estourou em todo o País, com “Será”, “Ainda É Cedo” e “Por Enquanto” falando a fundo na juventude urbana. Mas foi com Dois, um trabalho mais folk e poético, que a Legião conquistou a unanimidade. O grande sucesso do disco foi “Eduardo e Mônica”, uma saga de amor que, por não ter refrão, parece ter muito mais do que seus 4 minutos e meio. Houve ainda “Faroeste Caboclo” e muitos outros hits, nos quais, aos poucos, Renato foi se afastando do rock e se aproximando de um som mais lírico. Isso não arrefeceu seu exército de fãs, que nunca parou de crescer. Após sete álbuns com sua Legião, a morte de Renato Russo em 1996, com aids, ecoou a do ex-Barão Vermelho Cazuza, outro grande cantor e compositor do rock brasileiro, morto com a mesma doença seis anos antes. Estão fazendo muito falta. (Divulgação/Reprodução)

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