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Cinco documentários para assistir neste final de semana

Estes são alguns dos melhores documentários da história, segundo a equipe do DOSSÊ SUPER "99 Filmes para Você Ver Agora". Confira, e veja onde dá para assistir.

Por Alexandre Carvalho dos Santos
Atualizado em 4 nov 2016, 19h10 - Publicado em 19 fev 2016, 17h15

5 – O EQUILIBRISTA (Man on Wire)  

JAMES MARSH (2008) – 94 min

NOTA no IMDb: 7,9 

Onde ver: DVD, Now

Um grupo de estrangeiros acerta detalhes de uma conspiração. O alvo: as Torres Gêmeas do World Trade Center. E o protagonista da ação declara, orgulhoso, para a câmera: “se eu morrer, que morte linda!” Só que não é de extremistas islâmicos que estamos falando. 

Em agosto de 1974, Philippe Petit, um artista de rua francês, atravessou o espaço entre as torres americanas equilibrando-se em um cabo de aço. Sem proteção. Quando a polícia descobriu e mandou que saísse dali, em vez de perder a concentração, o equilibrista sorriu para os policiais. Ia até perto deles equlibrando-se no cabo, e depois voltava. Ao todo, ficou 45 minutos sobre aquela linha fina esticada, indo e retornando oito vezes – até que começou a ventar mais forte e ele decidiu parar. Foi preso por perturbação da ordem.

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Com uma narrativa vibrante em formato de thriller, O Equilibrista conta o minucioso planejamento dessa aventura, e toda a ação em si, digna de um bom filme policial: os amigos estudaram o local (passaram-se por jornalistas); tiraram identidades falsas; transportaram toneladas de equipamentos por um elevador sem que ninguém notasse e – outro feito que parece ficção – atiraram o cabo de um prédio a outro usando arco e flecha. No fim, assombraram os EUA – não com terrorismo, mas com o poder da arte.

Dica: veja também A Travessia (The Walk). É o drama que Robert Zemeckis montou em 2015 com base nesse documentário. Vale pela cinematografia vertiginosa, que coloca o espectador no lugar do equilibrista.

4 – ÔNIBUS 174

JOSÉ PADILHA

2002 – 150 min

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NOTA no IMDb: 7,9 

Onde ver: DVD, Netflix, Now

Antes de ser xingado de fascista por mostrar o Bope com uma perspectiva supostamente favorável em Tropa de Elite, José Padilha colocou na tela uma ação desastrosa da polícia. Quando soube que um assaltante mantinha reféns dentro de um ônibus no Rio de Janeiro, o diretor foi com sua câmera para o local. E filmou tudo. Por cinco horas, o criminoso – cercado pela polícia – fez exigências e ameaças de matar todo mundo. Então, quando a polícia agiu, veio a tragédia: uma passageira morreu baleada, e o bandido teria uma morte “suspeita” – asfixiado num carro da PM. O que parece só um sequestro sem final feliz tem raízes mais perturbadoras. Sandro Barbosa do Nascimento, o vilão do 174, havia sido, quando garoto, um dos sobreviventes da chacina da Candelária, quando policiais à paisana dispararam contra 50 sem-teto que dormiam na escadaria da igreja – uma vingança contra meninos de rua que haviam jogado pedras numa viatura.

3 – QUANDO ÉRAMOS REIS (When We Were Kings)

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LEON GAST

1996 – 88 min

NOTA no IMDb: 8,0

Onde ver DVD

O maior momento do boxe aconteceu em 1974. E não foi nos EUA, mas num megaevento promovido no Zaire, África. De um lado do ringue, o mito Muhammad Ali; do outro, o campeão dos pesos pesados, George Foreman, que não tinha nada da simpatia com que hoje vende seus grills. Aos 22 anos, era mal-encarado e uma máquina de nocautes – poucos passavam do segundo round contra ele. Já Ali, dez anos mais velho, era visto como um astro em decadência. E sofria com a pecha de antiamericano: ativista contra o racismo, recusou-se a ir para o Vietnã (“Nenhum vietcongue jamais me chamou de crioulo”) e adotou a fé islâmica. 

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Mas Ali ainda era um fenômeno – de boxe e de mídia. Aproximou-se da câmera do documentarista Leon Gast e tornou os bastidores da luta tão excitante quanto a disputa em si. E falou sem parar. “Eu sou mau! Fiz luta-livre com um crocodilo.” Chamava meninos pobres da África para treinar com ele e se assumiu porta-voz do homem africano. A tal ponto que Foreman – tão negro quanto Ali – começou a ser visto como “o homem branco”. 

O povo do Zaire foi tomado de carinho pelo boxeador tagarela e torceu ostensivamente por Ali. O filme é um registro desse caso de amor entre uma nação e um ídolo do esporte. E da redenção, aos olhos do mundo, de um super-homem negro.

2 – NOITE E NEBLINA (Nuit et Brouillard)

ALAIN RESNAIS

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1955 – 32 min

NOTA no IMDb: 8,6 

Onde ver: DVD 

Este filme deveria ser exibido em sala de aula, para estudantes do mundo inteiro, porque é um dos registros mais importantes, e impactantes, da história da humanidade. O diretor Alain Resnais – grande nome do cinema francês – montou seu filme dez anos após o cessar-fogo, por encomenda do Comitê de História da 2ª Guerra Mundial, uma entidade francesa. O objetivo: não deixar a carnificina nazista ser esquecida. Então alternou material de arquivo dos campos de concentração e suas vítimas desesperadas com imagens dos mesmos lugares, já em 1955 – filmadas por ele mesmo. 

O resultado foi a primeira obra a mostrar a crueza do Holocausto no cinema: os prisioneiros nus e desnutridos, famintos; os chuveiros falsos das câmaras de gás; as clínicas que faziam amputações e cirurgias experimentais, sem anestesia, em judeus e ciganos; as montanhas de cadáveres empilhados. Aquilo tudo que A Lista de Schindler mostra com o verniz da ficção, mas aqui sem nenhum efeito especial. Nem precisa.

Com narração fantasmagórica, escrita pelo poeta Jean Cayrol, sobrevivente dos campos de concentração, Noite e Neblina enfiou uma estaca no coração dos revisionistas e despertou quem achava que os alemães não seriam capazes de chegar àquele ponto. Depois deste filme, colocar o Holocausto em dúvida virou atestado de insanidade – ou de antissemitismo.

1 – BASQUETE BLUES (Hoop Dreams)

STEVE JAMES

1994 – 170 min

NOTA no IMDb: 8,3

Onde ver: Netflix

Numa década que viu longas-metragens superlativos como Pulp Fiction e Os Bons Companheiros chegarem às telas, Roger Ebert – um dos críticos mais influentes da história do cinema – disse que o melhor filme dos anos 1990 foi um documentário independente sobre os anos de Ensino Médio de dois garotos negros, pobres, com famílias cheias de perrengues, mas com um talento fora de série para o basquete.

Ambos são mostrados num mesmo ponto de partida: a aceitação na escola St.Joseph, de Illinois – o mesmo colégio onde estudou, e jogou, Isiah Thomas, uma lenda desse esporte, que entrou para o Hall of Fame da NBA. Ele é o grande espelho dos meninos, que a partir desse início seguem trajetórias paralelas. 

Arthur Agee – acompanhado dos 14 aos 18 anos – não dura muito na escola cara. Seu pais não conseguem pagar taxas não cobertas pela bolsa de estudos e, apesar de todo o talento do garoto com a bola laranja, ele é expulso. Vive então o drama de recomeçar numa instituição bem mais modesta, enquanto a coisa pega fogo em casa: seu pai afunda no vício do crack, sua mãe perde o emprego e as dificuldades financeiras se acumulam. A ponto de a sua residência ter água e luz cortadas – a produção do documentário acabou pagando algumas dessas contas, para não perder o personagem. Mesmo assim, apesar do inferno domiciliar, Arthur vira a estrela de um time desacreditado, que surpreende ao longo do campeonato estadual, chegando às semifinais. Uma jornada heroica. Principalmente por se tratar um garoto que só podia contar consigo mesmo para esses momentos fugazes de plena felicidade.

Já William Gates se estabelece no St .James – onde o calouro é exaltado precocemente como “o novo Isiah Thomas”, mas sofre com problemas no joelho, que minam seu futuro no esporte. William é o retrato do jovem com um talento oceânico que, por algum motivo, acaba não vingando. Na vida pós-documentário, cansado das decepções de sua carreira, torna-se pastor num templo de Chicago. Sobre seus anos de estrela júnior, ele diria: “O basquete fazia parte da minha natureza, como caminhar. Mas eu tenho uma vida melhor agora. Como pastor, eu posso falar aos jovens. Se eu fosse uma estrela da NBA, eles teriam de marcar uma reunião para falar comigo”.

A ideia inicial dos produtores era fazer um programa de 30 minutos para TV, mostrando o basquete de rua como uma janela para a cultura urbana. Mas o drama dos garotos rendeu tantas horas de filmagem que a decisão de transformar isso num longa-metragem pareceu óbvia. E o foco mudou também. Virou o sofrido começo de esportistas miseráveis nos EUA, que veem o basquete como única possibilidade de redenção: chegar a uma faculdade e não ser absorvido pelas gangues e pela violência do seu entorno. Tarefa dura: tanto o pai de Arthur quanto o irmão mais velho de William morreram assassinados anos após o lançamento do filme.

Essa dupla história pungente acabaria mudando a forma como os documentários são avaliados para a premiação do Oscar. Até então, não havia documentaristas entre os votantes, e a sessão de Basquete Blues para apreciação, segundo Roger Ebert, teria sido interrompida após 15 minutos de exibi��ão porque os votantes não estavam com paciência para ficar vendo documentário naquele dia. Por isso, ele nem chegou a ficar entre os indicados. Um absurdo. “Basquete Blues é um drama tão poderoso que parece ter sido escrito para a ficção e tem um clímax mais excitante que qualquer outro filme de esportes”, disse o crítico americano. “Mas é muito mais que isso. É sobre a vida e a morte. E sobre o indomável espírito humano.”

 
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