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Como foi o primeiro Pan disputado no Brasil?

Não fossem por alguns prédios públicos especialmente iluminados, um ou outro cartaz e 50 bandeiras colocadas no Viaduto do Chá, ninguém perceberia o evento.

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h54 - Publicado em 31 jan 2007, 22h00

Frances Jones

Era abril de 1963 e a cidade de São Paulo dava poucos sinais de estar sediando a “Olimpíada das Américas”. Não fossem por alguns prédios públicos especialmente iluminados, um ou outro cartaz e 50 bandeiras colocadas no Viaduto do Chá, ninguém perceberia o evento. “Não há a vibração que acompanha as jornadas da seleção de futebol”, escreveu na véspera da abertura um colunista do jornal O Estado de S. Paulo. A competição – ou certame, para usar a expressão da época – tinha ares bem diferentes da que está sendo erguida para os jogos do Rio, neste ano.

A começar pelo orçamento. Nada de estádio novo ou obras mirabolantes. Sem dinheiro, a cidade teve de aproveitar a estrutura existente: as quadras do Palmeiras receberam partidas de vôlei, o Morumbi – ainda inacabado – serviu de concentração para a seleção de futebol e coube ao complexo do Pacaembu, inaugurado 23 anos antes, o papel de centro do evento. De grande investimento mesmo, apenas a construção da Vila Pan-Americana – 6 prédios No campus da USP. Os edifícios estão lá até hoje, rebatizados de Crusp e servindo de conjunto residencial para alunos.

Claro, alguns retoques precisaram ser feitos (o estádio municipal foi pintado e ganhou um placar novo), mas nada parecido com os R$ 5 bilhões previstos para o Pan do Rio 2007. E o público compareceu em peso. O Pacaembu lotou para as cerimônias de abertura e encerramento e em provas de atletismo, natação e judô. Ginásios também estavam quase sempre cheios de estudantes. As autoridades foram generosas com eles: uma carteirinha especial dava direito a assistir de graça a boa parte das partidas.

Foram 15 dias de jogos e 22 países representados – incluindo a delegação de Cuba, que quase não veio por questões políticas. Com o golpe de Fidel Castro ainda fresquinho e a Guerra Fria a todo vapor, a presença da delegação comunista no Brasil só foi possível após uma autorização especial – em Cuba, a imprensa oficial dizia haver uma “manobra para afastar o país dos Jogos Pan-Americanos”. No fim das contas, eles vieram, e se deram bem: terminaram a competição em 5º lugar, com 14 medalhas.

Retratos Panamericanos

A escolha de São Paulo

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São Paulo ganhou o direito de ser sede dos jogos ao vencer Winnipeg, no Canadá, por 18 votos a 5. Em 1975, a cidade quase organizou o evento pela segunda vez quando Santiago do Chile desistiu de organizar o evento por causa do golpe que levou Pinochet ao poder. Autoridades chegaram a construir boa parte da infra-estrutura do atual Cepeusp (Centro de Práticas Esportivas da USP) com essa finalidade, mas um surto de meningite fez os dirigentes desistirem da empreitada. O Pan foi parar na Cidade do México.

Poucos atletas

O Pan de São Paulo foi o único na história a ter menos de 2 mil atletas participantes. Foram 1.665 esportistas de 22 países competindo em 19 esportes. Entre as ausências estavam as delegações da Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Haiti, Nicarágua e Paraguai. A menor delegação era a da Guatemala, com dois integrantes. EUA e Brasil tinham as maiores delegações e foram os únicos a participar de todas as modalidades.

Fogo simbólico

O ritual da “chama pan-americana” começou na manhã do dia 14 de abril, em Brasília. Um grupo de índios carajás da Ilha do Bananal friccionou pedaços de madeira por 10 minutos para fazer o fogo que acenderia a pira simbólica construída na rampa de acesso ao edifício do Congresso Nacional. Depois de passar pela bênção de um bispo, a tocha foi para as mãos do ex-zagueiro da seleção brasileira Augusto da Costa, para iniciar a viagem até Brasília a São Paulo.

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Celebridade

A tenista paulistana Maria Esther Bueno era uma das maiores celebridades esportivas da época. Ela chegou ao Pacaembu, onde ocorreram as partidas, levando no currículo o bicampeonato do torneio de Wimbledon. Uma mordida de cachorro na mão às vésperas do início dos jogos, no entanto, atrapalhou um pouco seu desempenho. Ela até ganhou o ouro nas simples, mas teve de se contentar com a medalha de prata na dupla feminina e na dupla mista.

Repicar de sinos

Cerca de 50 mil pessoas – adolescentes, na maioria – presenciaram a abertura dos jogos no estádio do Pacaembu. A cerimônia teve a revoada de 3 mil pombos, sobrevôos de aviões da Força Aérea Brasileira e até salvas de canhão. Coube a José Telles da Conceição, medalha de bronze no salto em altura nas Olimpíadas de Helsinque, a honra de entrar no estádio com a tocha que acenderia a pira. Logo em seguida, soaram os sinos das principais igrejas da cidade, seguindo determinação do arcebispo metropolitano.

Contra os EUA

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Os EUA eram a principal potência esportiva do continente, mas os anfitriões brasileiros não fizeram feio e ficaram com o segundo lugar no quadro geral de medalhas. Os dois países disputaram várias finais e protagonizarm os principas duelos do evento. No basquete, os brasileiros levaram a pior. No vôlei masculino e feminino, subiram ao lugar mais alto do pódio. Mas nossa desforra mesmo veio pelo futebol: na partida contra os EUA, o placar foi de 10 a 0.

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