Entre 1923 e 1960, eles aterrorizaram as telonas. Quasímodo, o Fantasma da Ópera, Frankenstein, Drácula, a Múmia, o Homem Invisível, o Monstro da Lagoa Negra, o Homem Lobo – em filmes mudos ou sonoros, estas figuras assustadoras habitavam o universo de horror criado pelos estúdio Universal. E foi para homenagear este time de monstros – e os atores responsáveis por dar vida a essas figuras icônicas em mais de 50 filmes de horror (como Bela Lugosi, Boris Karloff e Lon Chaney Jr) – que Ben Chavda criou o curta-metragem “Titano!”.
“Eu queria escrever uma carta de amor a todos aqueles grandes atores que tocaram nossas vidas, mesmo que apenas por um momento”, afirma o diretor e roteirista. O desejo de resgatar um pouco da mágica horripilante de “Os Monstros da Universal” veio de sua fascinação na infância pelo gênero – e a sua engenhosa forma de burlar as regras impostas por seus pais. “Todo o mundo na escola cresceu com Jason [Voorhees, o vilão da série ‘Sexta-Feira 13’] e Freddy [Krueger, o assassino de criancinhas de ‘A Hora do Pesadelo’], mas eu não tinha permissão para assistir a esses filmes”, o diretor contou ao io9. “Mas, em determinado momento, eu descobri que poderia me safar assistindo a qualquer coisa, contanto que fosse em preto-e-branco. Então eu cresci apavorado assistindo aos filmes mais antigos do [canal] AMC, os ‘Monstros da Universal’ ou a filmes como ‘O mundo em perigo‘ (1954) ou ‘O Dia em que a Terra Parou‘ (1951)”.
O amor pelos longas do terror clássico o inspirou a criar o curta em que uma antiga estrela do cinema olha para um cartaz desbotado e relembra o tempo em que o mundo o conhecia como Titano, um monstro aterrorizante, estrela de uma porção de filmes antigos já esquecidos. Mas, para provar que seu legado seguirá vivo, ele tem a oportunidade de oferecer um último (e inesquecível) susto.
Para dar vida ao monstro de outrora, Chavda precisava encontrar um ator capaz de tornar o personagem real. “Titano é um personagem sem falas, você precisa vê-lo e criar imediatamente empatia por ele. Não só isso, mas, ao final do filme, você tinha que acreditar que este grandalhão doce também pode ser assustador”, conta. O diretor encontrou a mistura perfeita em Irwin Keyes, ator mais conhecido pela sitcom americana ‘The Jeffersons‘ (1975-1985).
Infelizmente Keyes faleceu antes de ver o curta ser concluído. “Ele não tinha ficado mundialmente famoso, ele não tinha ganhado um Oscar, ele não tinha ganhado milhões de dólares. Mas ele era um ator com o qual que você poderia construir um filme mudo. Mesmo não dizendo nenhuma palavra, você sabia que seu personagem estava pensando – e, mais importante, sentindo – a cada momento do filme”, afirma o diretor. “Você estava com ele a cada passo, sentindo empatia por ele, torcendo por ele. Para mim, isso é uma estrela de cinema”, diz.