E se o folclore brasileiro ganhasse pôsteres?
Convidamos artistas para revisitar os mais icônicos personagens da cultura do país. Conheça as histórias das lendas
Em 22 de agosto comemoramos o Dia do Folclore. Em parceria com o Bradesco, convidamos designers e ilustradores brasileiros para representar em imagens o rico acervo de fantasias e lendas que contam um pouco da cultura do nosso povo.
Spoiler: se você acha que o nosso folclore é recheado de histórias para criancinhas dormirem, é melhor parar por aqui. Mas, se a coragem aparecer, dá até para fazer o download do pôster do seu personagem preferido depois de conhecê-lo melhor. 😉
Curupira
Todo mundo conhece o homenzinho baixo, de cabelos em chama e pés virados para trás. Segundo as histórias infantis, o Curupira é o protetor dos animais e adora pregar peças em caçadores com a ajuda de suas pegadas ao contrário, fazendo-os se perderem no meio da mata. Já de acordo com as lendas indígenas, a proteção proporcionada pela criatura vai muito além.
O Curupira, também conhecido como Caipora ou El Cipitío em tribos latinas, é uma espécie de demônio da natureza que usa bruxaria para enganar humanos predadores da natureza. A sua principal estratégia contra os exploradores é transformar toda a família deles em animais. Desavisados, os homens caçam os bichos e perdem a sanidade ao perceberem que acidentalmente mataram suas esposas e filhos. Eita!
Saci-Pererê
Simpático, travesso e pula em uma perna só? Ih, o Saci-Pererê está longe de ser apenas o danado moço que conhecemos das séries infantis. Essa representação teria sido modificada para deixar o personagem mais divertido e menos assustador.
Na verdade, várias tribos indígenas possuem lendas similares à do Saci e, em cada uma delas, ele recebe um nome diferente. O mais conhecido é Iaci Pererê. Na versão original da lenda, ele não vive aprontando nas cozinhas de senhorinhas fofas, não: o Saci é uma entidade da floresta que assassina homens perdidos e usa o poder do seu colar, o baêta.
Iara
A lenda da sereia brasileira teria tido origem no norte do país, onde ficou conhecida como uma linda mulher que encanta pescadores e os leva para o fundo do mar.
Mas as primeiras histórias sobre Iara são ainda mais interessantes: ela era uma grande guerreira de sua tribo que causava inveja em seus irmãos. Quando eles colocaram em prática um plano para matá-la, Iara conseguiu fugir e acabou caindo no Rio Solimões em uma noite de lua cheia. Os peixes a resgataram e a transformaram em sereia. Como vingança contra os homens, Iara, que tem no seu nome o significado de “aquela das águas”, enfeitiça todos aqueles que olham em seus olhos, levando-os à loucura – só o feitiço de um pajé pode salvá-los.
Mula Sem Cabeça
Ícone bastante presente nas regiões rurais do país, a Mula Sem Cabeça é personagem de várias lendas. A principal variação delas diz que a mula era uma bela mulher que se envolveu com um padre. Esse seria o castigo para qualquer uma que cometesse o mesmo tipo de pecado: virar uma mula com chamas no lugar do que seria a cabeça. Depois, a história foi adaptada por famílias tradicionais para incentivar suas filhas mais jovens a fazer sexo somente após o casamento.
Lobisomem
Muito antes de Remus Lupin ou Fenrir Greyback, o lobisomem já vagava por aí. Espécie de lobo com características humanas, ele é uma lenda muito difundida por todo o mundo. Acredita-se que o mito surgiu na Grécia e depois se espalhou pela Europa, eventualmente chegando ao Brasil. Em terras tupiniquins, a história ganhou novas particularidades e passou a ser repassada não apenas como um mito, mas como um fato. Um Lobisomem surgiria em uma família ao ser o sétimo filho de um casal.
Duas vezes no mês, o amaldiçoado se transforma e sai vagando por sete regiões da cidade onde mora, uivando para a lua e caçando bebês não batizados. A lenda do Lobisomem ainda vive em várias cidades do Nordeste e faz com que muitas famílias procurem batizar os seus filhos o mais rápido possível. A única arma possível contra o maldito seria uma bala de prata.
Boto-Cor-de-Rosa
Na Amazônia, uma das lendas locais mais comuns é a do Boto. Um homem que se transforma no ser aquático para seduzir mulheres que se aventuram na beira dos rios. Nas versões mais conhecidas do conto, após seduzi-las, o ser mitológico as engravida e depois some. Não por acaso, várias jovens grávidas já andaram alegando que seus filhos eram “do boto”. Pois é.
Em versões mais sombrias da história, as vítimas do Don Juan aquático na verdade eram as chamadas cunhãtãs, índias pré-adolescentes de beleza rara. Após a cópula, elas não ficavam grávidas, e sim em um estado catatônico, ou, como os ribeirinhos costumavam chamar: mundiadas.