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Eduardo Giannetti – Um caminho entrelaçado da economia e da filosofia

Eduardo Giannetti leva seu discurso para muito além do mercado financeiro e ganha prêmios conduzindo debates sob a ótica do iluminismo.

Por Thales de Menezes
Atualizado em 7 nov 2019, 22h00 - Publicado em 7 nov 2019, 21h00

duardo Giannetti é economista e sociólogo, mas declara que sua paixão de estudo real é a filosofia, mesmo sem nunca ter feito um curso específico na área. Com doutorado em economia pela Universidade de Cambridge, já admitiu em entrevistas que lamenta ser chamado constantemente para palestras restritas a questões econômicas. Quer falar sobre outras coisas, e assunto parece não faltar ao intelectual.

Sua bibliografia traz exemplos de caminhos que passam longe das reflexões sobre o mercado financeiro. Essa trilha tem alguns destaques, como Felicidade, lançado em 2002. No livro, quatro personagens contemporâneos têm encontros de tempos em tempos para discutir assuntos diversos.

O quarteto é formado por um economista liberal, um roteirista que trocou o marxismo pela filosofia analítica, uma jornalista e um homem erudito e desempregado. Felicidade é uma representação bem adequada do que seria o trabalho filosófico de Giannetti. Mais do que defender pontos de vista ou propor soluções, Giannetti quer expor questões, quer dar a partida em debates. A narrativa é esquemática. A cada reunião, um dos participantes faz uma rápida exposição inicial e em seguida está aberto um debate.

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A escolha de personagens capazes de sustentar as discussões propostas pelo autor é um lado recorrente e bem-sucedido na obra de Giannetti. Em 2010, no livro A Ilusão da Alma, um professor de literatura estudioso de Machado de Assis fica parcialmente surdo após uma cirurgia para retirada de um tumor cerebral. Sua vida então acaba restrita aos livros, em obras que se referem ao funcionamento da mente.

As ideias singulares estão espalhadas por seus livros, de grande apelo popular. Em O Valor do Amanhã, o leitor é surpreendido com a relação que Giannetti vislumbra entre os juros do mercado financeiro e o metabolismo dos corpos humanos. Para ele, a questão dos juros não se restringe ao mundo das finanças, mas atinge as mais diversas e surpreendentes esferas da vida prática, social e espiritual, a começar pelo processo de envelhecimento. O princípio econômico dos juros é simples: o devedor antecipa um benefício para desfrute imediato e se compromete a pagar por isso mais tarde, e quem empresta cede algo de que dispõe agora e espera receber um montante superior no final da transação.

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Ao planejar sua vida, o homem projeta seus desejos usando essa prática. Depois, ao envelhecer, o corpo “cobra” o que foi gasto antes. Assim, a noção de juros já está inscrita no metabolismo dos seres vivos e permeia boa parte do seu repertório comportamental.

Giannetti começou sua produção editorial ligado à economia e foi se afastando dela aos poucos para mergulhar definitivamente nas discussões filosóficas que aprecia tanto. Dessa forma, é um exercício agradável fazer uma leitura comparada de obras mais antigas e mais recentes. Preservadas algumas diferenças, é curioso encontrar a mesma verve em Vícios Privados, Benefícios Públicos?, de 1993, e nos ensaios de O Elogio do Vira-Lata, lançado 25 anos antes. Ganhou o Jabuti duas vezes, com Vícios Privados, Benefícios Públicos?, em 1994, e com As Partes e o Todo, no ano seguinte.

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Ele também elaborou os planos de governo para a candidata Marina Silva nas campanhas presidenciais de 2010, 2014 e 2018.

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