Fábio Barreto
Carlton Cuse e Damon Lindelof são escritores e produtores da série. E é da cabeça deles que saíram todos aqueles mistérios que enervam qualquer fã do programa. (Um certo monstro de fumaça preta soa familiar?) A trama terá sua 6ª e última temporada em 2010. Mas não espere generosidade dessa dupla – segundo eles, você continuará com alguma dúvidas mesmo depois do capítulo final.
Dá trabalho arquitetar uma série como Lost?
Damon Lindelof – Bastante. A construção da trama está cada vez mais difícil, especialmente porque estamos avançando em direção ao passado. Era fácil antes – você ouvia um zunido e sabia que lá vinha um flashback. Agora os personagens estão passeando pela história da ilha. Nós sabemos as respostas de tudo há anos, mas temos de encontrar uma forma de apresentá-las para o público na hora certa. Demos muitas das respostas na 5ª temporada, para que a última pudesse ser focada nos personagens. No fim do programa, queremos que o público se importe mais com o destino de alguns personagens – como Kate e Sawyer – e menos com a origem da ilha.
Há uma resposta para todos os enigmas?
Lindelof – Pode apostar que não conseguiremos colocar todos os pingos nos is. Principalmente quando falamos de dúvidas como “por que a Libby estava no manicômio com Hurley?” Histórias como essa certamente são mistérios interessantes, mas não fundamentais para a trama de Lost como um todo. Pode ser que não sejam respondidas.
Cuse – O final da série vai ser focado nas respostas dos mistérios mais relevantes para o público. Como a estátua de 4 dedos, o monstro de fumaça… Mas não queremos ser didáticos. Em Guerra nas Estrelas, quando George Lucas deu uma explicação biológica para o que era a Força, perdeu ali um elemento mágico e misterioso da história. Por isso não vamos dissecar e explicar todos os segredos da ilha.
Podemos esperar a morte de personagens principais nos episódios da temporada final?
Cuse – Não podemos falar. Mas achamos que é importante matar alguns personagens no programa. Geralmente, se alguém coloca a arma na cabeça do mocinho, você sabe que ele não vai morrer. Não há essa certeza em Lost – queremos que o público encare os perigos como reais.
O que virá depois que Lost acabar?
Lindelof – Quando estiver terminado, o programa terá tomado 6 anos de nossa vida. E dos espectadores também. Não queremos encerrar Lost de um jeito sem graça e só responder as grandes perguntas em um filme anos depois. Nem fazer uma nova série, do tipo As Aventuras de Hurley e Sayid. E olha que eu até gostaria de assistir a essa série, aliás… Para nós, o fim do programa será como terminar a Capela Sistina. Queremos admirar nossa obra e simplesmente tocar o barco.