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Fato ou ficção? Veja o que em Invocação do Mal 2 foi baseado em fatos reais

Novo filme dos investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren é inspirado em uma família assombrada que ficou famosa na Inglaterra nos anos 70.

Por Ana Carolina Leonardi
Atualizado em 31 out 2016, 18h58 - Publicado em 10 jun 2016, 20h00

Ed e Lorraine Warren são um casal de filme da Sessão da Tarde – com exceção, é claro, do fato de investigarem histórias paranormais. Na sequência de Invocação do Mal, o casal vai até um subúrbio de Londres, na década de 70, para dar uma olhada na casa dos Hodgson, que estão sendo perseguidos por um Poltergeist.

ALERTA DE SPOILER: Se você não quer estragar algumas surpresas do filme, só leia depois de assistir!

Bom, a família existiu de verdade e foi uma sensação nos jornais britânicos por quase um ano, em 1977. Margareth Hodgson, divorciada, morava com seus quatro filhos em Enfield quando as crianças começaram a ouvir barulhos estranhos no quarto. No dia 30 de agosto, eles chamaram a polícia, alegando que os móveis estavam se mexendo. Junto com os tiras, chegaram os repórteres e os pesquisadores paranormais, incluindo o casal Warren. Com isso, vamos ao primeiro item de…
 

FICÇÃO – Arquivos dos Warren
Assim como o primeiro filme, o roteiro de Invocação do Mal 2 seria baseado nas anotações do casal durante a investigação. O problema é que não tem como esses arquivos serem tão extensos para dar base a um filme inteiro – os Warren fizeram apenas uma “visita de médico” até Enfield. A história estava concorrida e, depois de uma breve observação, eles partiram para a próxima, deixando o acompanhamento do caso para outros investigadores – entre eles,  Guy Lyon Playfair, que escreveu um livro sobre o caso, e Maurice Grosse, da Sociedade de Pesquisa Psíquica, que é retratado no filme pelo ator Simon McBurney.
 

FATO – Ouija
No filme, a ação toda começa quando as irmãs Janet, de 11 anos, e Peggy, de 13, brincam com um tabuleiro de Ouija – que traz números, o abecedário e as palavras Sim ou Não, usado para “comunicação com espíritos”. Em uma entrevista à BBC, quatro anos depois dos acontecimentos, a Janet real confirmou que os barulhos estranhos começaram depois de uma brincadeira com a tábua.

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FICÇÃO – Cruzes
Em uma das imagens mais marcantes do trailer, todas as cruzes na parede de um cômodo começam a girar. A cena é impactante, mas não tem base em relatos da época. De acordo com o site History vs Hollywood, nenhum dos muitos demonólogos que estudaram o caso mencionou um acontecimento parecido e os jornais britânicos Daily Mirror e Daily Mail, que acompanharam extensivamente a história, não reportaram nada do tipo.

XI… – Levitação
Logo antes das cruzes começarem a girar, a Janet do filme aparece presa ao teto. Nada do tipo foi relatado, mas a Janet da vida real diz que chegou a levitar. Uma série de fotos do suposto acontecimento foi publicada no Daily Mirror.

O problema é que as pessoas rapidamente se deram conta de que as fotos não mostram nada mais do que uma criança pulando na cama. O fotógrafo Graham Morris teria simplesmente cortado as cenas entre os pulos para o “vôo” parecer mais longo. Ainda assim, em 2011, ele deu uma entrevista sobre o caso para o apresentador Stephen Nolan, da BBC dizendo que foi tudo verdade. Nolan provoca: “Eu acho tudo isso difícil de acreditar”. Morris responde: “É claro. Você não estava lá. Eu ainda me recuso a acreditar que foi um fantasma. Acho que é algo que não entendemos ainda – como foi um dia a gravidade ou o magnetismo”.

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XI… – Possessão
Sem se contentar em jogar objetos pela casa, fazer barulhos estranhos e balançar as camas das crianças, a força sobrenatural passa a possuir Janet e falar através dela.

Na vida real, Janet realmente disse que era possuída pela força que assombrava sua casa. Várias pessoas ouviram a menina falar com uma voz grave e estranha. Segundo ela, era o espírito de Bill Wilkins, homem que vivera na casa antes de sua família. Wilkins teria contado a Janet que morreu de hemorragia cerebral, na sala de estar da residência. Nesse quesito, então, o filme não inventou nada que a própria Janet não tenha dito.

Por outro lado, vários especialistas analisaram o que Janet dizia enquanto possuída e concluíram que, apesar da voz grossa, seu vocabulário ainda era o de uma criança, e que ela não dizia nada que não pudesse ter imaginado. A própria Janet disse, no documentário da BBC, que a voz começou a “se manifestar” quando Maurice Grosse disse às meninas que o que faltava para comprovar a existência do Poltergeist é que ele começasse a falar. A explicação para o vozeirão seriam as falsas cordas vocais, a primeira parte da laringe, que é responsável pelos sons guturais que cantores de Metal conseguem produzir.

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Seja como for, ouvir a menina com a voz do Poltergeist é bem perturbador. Dá uma olhada:

 

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Billy Wilkins – Fato
Janet era no mínimo muito bem informada. Ela não inventou a história de Billy Wilkins – segundo o filho do finado senhor, entrevistado pelo Daily Mail, ele realmente morreu na sala de estar da casa em Enfield e a causa da morte foi de fato uma hemorragia cerebral.
 

Bônus: Era tudo pegadinha?
O caso da família Hodgson virou motivo de debate na Sociedade de Pesquisa Psíquica. Vários dos membros consideraram que a história era um hoax, criada e alimentada por pegadinhas das irmãs Peggy e Janet. Maurice Grosse chegou a pegar as meninas escondidas entortando colheres com as mãos – para depois por a culpa no Poltergeist. Em 2012, Janet, já adulta, admitiu que ela e a irmã falsificaram “cerca de 2%” dos acontecimento paranomais, segundo ela para perceber se os especialistas notariam a diferença.

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Mesmo que tudo não tenha passado de imaginação e esperteza de duas meninas, tragédias bem reais passaram a acompanhar a família. O irmão mais novo de Janet morreu aos 14 anos de câncer. Ela saiu de casa aos 16 e se casou muito jovem. Seu filho morreu dormindo, aos 18 anos. Com isso, dá para imaginar como, aos 52 anos, ela não ficou muito feliz de a história toda ter sido ressuscitada quando começaram as filmagens.

No final das contas, aceitar a história de Janet ou não fica a cargo de cada um. Milbourne Christopher, uns dos especialistas que duvida do caso, cita outra garotinha, que falsificou um Poltergeist no Kentucky: “Eu não joguei todas aquelas coisas. Algumas delas, foram as pessoas que imaginaram”. A diferença entre fato e ficção pode depender daquilo em que você escolhe acreditar.

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