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Kang, o Conquistador: a história de origem do novo vilão do MCU

O viajante do tempo será a principal ameaça da nova fase dos filmes da Marvel. Veja como ele surgiu nos quadrinhos (e sua ligação com o Quarteto Fantástico)

Por Rafael Battaglia
Atualizado em 15 fev 2023, 22h18 - Publicado em 15 fev 2023, 22h08

Nesta quinta (16), chega ao Brasil Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania. É o terceiro filme estrelado por Paul Rudd e Evangeline Lilly no papel dos heróis microscópicos – e o 31º longa do Universo Cinematográfico da Marvel, o MCU.

O nome “Quantumania” vem de Reino Quântico (em inglês, “Quantum Realm”), uma dimensão apresentada ainda no primeiro Homem-Formiga (2015), acessível apenas quando se encolhe a nível subatômico. É pelo Reino Quântico, aliás, que os Vingadores viajam no tempo em Ultimato (2019) para deter Thanos e salvar o universo.

Neste filme, Scott Lang (Rudd) e Hope Van Dyne (Lilly) mergulham fundo no Reino Quântico. Junto a eles estão Cassie Lang (Kathryn Newton), filha de Scott, e o casal Hank Pym (Michael Douglas) e Janet Van Dyne (Michelle Pfeiffer), o Homem-Formiga e a Vespa originais. Lá, eles vão enfrentar um novo vilão do MCU, que promete ocupar o lugar de Thanos como a grande ameaça a ser vencida: Kang, o Conquistador.

Kang é um viajante do tempo que apareceu nas HQs em 1963. Logo de cara, tornou-se um dos principais antagonistas do Universo Marvel – não só ele como suas variantes de universos paralelos. Vamos entender essa história.

Um homem fora do seu tempo

Kang não é um alienígena, mas sim um terráqueo – do futuro. O seu nome é Nathaniel Richards, um cientista do século 31. Se o sobrenome soa familiar, você está certo: ele é um descendente distante de Reed Richards, o Sr. Fantástico (o pai de Reed, aliás, se chama Nathaniel).

Pelo material dos quadrinhos, é difícil traçar a árvore genealógica de Kang (outro possível ancestral é, veja só, Victor von Doom, o Dr. Destino). Seja como for, Nathaniel se cansou da sociedade utópica do ano 3.000 e resolveu construir uma máquina do tempo – que usou para chegar ao Egito Antigo. A tecnologia bélica que Nathaniel levou consigo do século 31 serviu para que ele subjulgasse o povo egípcio e se tornasse o novo faraó: Rama-Tut.

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Imagem de capa do quadrinho Fantastic Four.
(Reprodução/Reprodução)

Enquanto isso, no século 20, Reed Richards fica intrigado ao pesquisar sobre um antigo hieróglifo egípcio, que diz que uma substância misteriosa foi capaz de restaurar a visão de um faraó. Empenhando em ajudar Alicia Masters, namorada do Coisa (e que é cega), Reed e o restante do Quarteto decidem roubar a máquina do tempo do Dr. Destino e viajar até o Egito Antigo.

Plot twist: tudo não passou de uma armação de Nathaniel, que plantou o hieróglifo para que pudesse encontrar o Quarteto – e enfrentar oponentes que ele considerava dignos.

Só faltou combinar com os heróis, que conseguiram vencer Rama-Tut. Desolado, o vilão foge para o século 20 e junta ao Dr. Destino (de quem ele desconfia ser um parente distante). Ele se inspira na armadura de von Doom, cria uma própria e se auto-intitula Centurião Escarlate.

Como Centurião, Nathaniel tenta derrotar os Vingadores, mas perde novamente. Ele tenta voltar ao século 31, mas erra a calibragem da sua máquina do tempo – e vai parar no ano 4000.

Enfim, Kang

No “futuro do futuro”, Nathaniel não encontra sociedade avançada alguma. Pelo contrário: nessa época, a Terra foi devastada depois de uma longa e intensa guerra; os sobreviventes mal sabiam usar as avançadas tecnologias de outrora. Nesse cenário pós-apocalíptico, Nathaniel prosperou e assumiu, enfim, a alcunha de Kang, o Conquistador.

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Kang pode não ter nenhum superpoder, mas, além de ser um gênio (especialista, claro, em viagens temporais), ele tem à sua disposição toda a tecnologia do terceiro e quarto milênios (e, bem, de qualquer época e universo que ele visitar). O seu traje roxo e verde, por exemplo, lhe garante superforça, campos de força e projeção de energia.

O vilão logo se cansou da Terra destruída do futuro e voltou à nossa época para conquistar o planeta – e os Vingadores. Esse foi o objetivo de Kang ao longo de anos e anos de quadrinhos.

Imagem de capa do quadrinho The Avengers #8.
(Reprodução/Reprodução)

Em um de seus retornos ao século 40, ele se apaixona pela princesa Ravonna Renslayer (personagem que já deu as caras no MCU, na série Loki). De cara, Ravonna não corresponde, então Kang apela: o vilão sequestra os Vingadores e os leva até o futuro, com o objetivo de derrotá-los na frente da princesa para impressioná-la.

O problema foi que, no meio disso, houve uma rebelião dos reinos controlados por Kang. A confusão foi tão grande que o vilão precisou da ajuda dos Vingadores para conter a crise – que resultou na morte da Ravonna. A princesa se sacrificou para evitar um ataque a Kang. De luto, ele libera os Vingadores e se isola no Limbo – uma zona fora dos limites do espaço-tempo.

No Limbo, Kang descobre computadores que o permitem analisar tudo o que acontece na linha temporal. Ele tenta salvar Ravonna, mas, ao fazer isso, cria uma realidade na qual ele morre. Foi aí que ele percebeu que boa parte de suas ações gerava linhas do tempo alternativas – e, consequentemente, variantes de si mesmo.

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E no MCU?

Não vamos nos estender sobre as diversas variantes de Kang que povoaram os quadrinhos da Marvel nas últimas décadas – foram várias. Tantas que, em determinado momento, houve a formação do Conselho de Kangs, criado por um punhado de Kangs para “podar” o Multiverso de outros Kangs divergentes.

Complicado? Sinto desapontar: A história do Kang que vai aparecer nos filmes da Marvel não foge muito disso.

(Se você ainda não assistiu à série Loki (2021-), no Disney+, saiba que o texto a seguir contém spoilers.)

No último episódio de Loki, descobrimos que o mantenedor da Linha do Tempo Sagrada é um indivíduo conhecido como Aquele Que Permanece (“He Who Remains”), um ser com milhões de anos de idade responsável por manter uma única linha do tempo, sem nenhum universo paralelo.

Aquele Que Permanece nada mais é do que uma variante de Kang. Dentro do seu “quartel-general”, a Cidadela do Fim dos Tempos, ele conta toda a sua história de origem a Loki (Tom Hiddleston) e Sylvie (Sophia Di Martino), similar em alguns pontos à das HQs.

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No século 31, um brilhante cientista (Kang) descobre a existência de universos paralelos. Não demora muito para que suas contrapartes Multiverso afora estabeleçam contato. É o início de uma época de prosperidade e paz, marcada pela troca de conhecimento entre as realidades paralelas.

Tudo muda, porém, quando algumas variantes decidem conquistar os outros universos. É o início da Guerra Multiversal, entre várias e várias versões de Kang.

O conflito só terminou quando Aquele Que Permanece conseguiu transformar em arma Alioth, um dos primeiros seres do universo de força incalculável, capaz de consumir toda a matéria e energia de uma linha do tempo. Com Alioth, essa variante de Kang pôs fim à guerra  – e ao multiverso.

Cansado da posição que ocupava há gerações, Kang oferece o controle da linha do tempo a Loki e Sylvie. Mas dá uma segunda opção: caso eles o matem, não haverá controle sobre as linhas alternativas. O multiverso seria restabelecido – e, com ele, os outros Kangs. “Se vocês me acham mau, esperem até ver as minhas variantes”, alerta.

No fim, Sylvie mata Aquele Que Permanece. O Kang de Quantumania é, provavelmente, uma variante que surgiu com a ramificação das linhas do tempo. E ele pode não ser o único, já que o vilão promete ser a grande ameaça das próximas fases da Marvel: o filme dos Vingadores de 2025 se chama Dinastia Kang e deve ser inspirado na saga homônima dos quadrinhos, lançada em 2001.

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