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Mil Dias: 7 curiosidades sobre Brasília para curtir melhor a série

Trabalho para erguer a capital teve politicagem, Tom Jobim e até profecia

Por Abril Branded Content
Atualizado em 23 out 2020, 19h26 - Publicado em 4 Maio 2018, 16h47

Estreou no último dia 22 a série Mil Dias, produção original do canal History que narra a construção de Brasília pelo ponto de vista de quatro brasileiros. Dividida em quatro capítulos, a obra está sendo exibida todo domingo, às 23h35, com reprises nas quartas-feiras, às 22h40.

Cada episódio é centrado em um dos protagonistas: Domingos, um operário que se muda para a nova capital para trabalhar nas obras; Gilda, uma arquiteta cosmopolita e determinada que precisa lidar com o machismo da equipe que chefia; Mauro, o engenheiro responsável, que é obrigado a conviver com tentativas de suborno e outros problemas; e Heitor, um topógrafo mineiro que acredita no sonho vendido por Juscelino Kubitschek.

Embora a série seja de ficção, ela é baseada em eventos e pessoas reais. Os conflitos da trama, inclusive, refletem acontecimentos históricos, como a epidemia de doença de Chagas que afetou muitos operários.

A história de Brasília, em si, é uma riquíssima fonte de material. Confira sete curiosidades sobre os eventos mostrados em Mil Dias:

1. Brasília foi profetizada por um santo italiano
Dom Bosco, um sacerdote italiano que viveu entre 1815 e 1888 e foi proclamado santo alguns anos após sua morte, em 1934, profetizou a cidade antes de ela existir. No livro Memórias Biográficas de São João Bosco, escrito por seu assistente, padre Lemoyne, é revelado que Dom Bosco teve um sonho em agosto de 1883 no qual visitava a América do Sul (continente onde nunca esteve fisicamente) e, ao chegar entre os paralelos 15o e 20o, teve uma visão. Confira o trecho:

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“Entre os graus 15 e 20 havia uma enseada bastante longa e bastante larga, que partia de um ponto onde se formava um lago. Disse então uma voz repetidamente: ‘Quando se vierem a escavar as minas escondidas no meio destes montes, aparecerá aqui a terra prometida, de onde jorrará leite e mel. Será uma riqueza inconcebível’.”

A profecia ficou tão popular que, quando Brasília começou a ser erguida, a primeira edificação foi uma capela chamada Ermida Dom Bosco, projetada por Oscar Niemeyer. O santo hoje é padroeiro da cidade, junto a Nossa Senhora Aparecida.

2. Entre os projetos arquitetônicos da cidade, estava um que segregava crianças e adultos
A planta de Brasília foi escolhida por meio de um concurso, do qual saiu vencedor o projeto criado por Lúcio Costa. Mas havia outros concorrentes interessantes. Um deles, por exemplo, foi desenhado de tal forma que, vista de cima, a cidade teria o formato da bandeira do Brasil. Outro, mais polêmico, propunha a divisão da capital em setores acessíveis de acordo com a idade das pessoas. Crianças de até 7 anos só teriam acesso à parte mais periférica, enquanto as de 8 a 18 poderiam ir 400 metros além dessa área, e os adultos, apenas eles, teriam acesso ao centro.

Projeto piloto de Brasília, de autoria de Lúcio Costa (Reprodução/Reprodução)

3. JK imprimiu dinheiro sem lastro para financiar a capital
Juscelino Kubitschek sabia que, se Brasília não fosse concluída durante seu mandato, não seria ele quem levaria a fama. Portanto, as obras andaram com rapidez assombrosa. E, para financiá-las, o presidente imprimiu dinheiro sem possuir o ouro correspondente na Casa da Moeda.

Foi essa atitude ousada, mas também irresponsável, que mergulhou o Brasil numa inflação que ultrapassava os 20% ao ano, situação que demorou quatro décadas para ser revertida.

4. O próprio JK batizou a primeira criança registrada na cidade
A primeiríssima pessoa a ser registrada em Brasília foi Jussara Maria Oliveira Santos, que nasceu em 1960, mas só passou pela burocracia da documentação no ano seguinte. O motivo da demora? Seu pai, Péricles, estava esperando uma brecha na agenda de Juscelino Kubitschek. O presidente havia topado ser padrinho da garota e realizar o batizado – faltava apenas tempo.

Juscelino deixou a presidência em janeiro de 1961 e, depois, fez uma viagem à Europa. Após voltar, finalmente teve tempo para batizar a garota. A imprensa foi chamada e o evento, amplamente coberto. Juscelino e sua esposa, Sarah, foram os padrinhos – daí o nome da garota, Jus + Sara. A moça, dona do registro número 1 da Folha nº 1 do Livro nº 1 do cartório brasiliense, hoje tem 58 anos.

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JK visitando as obras, na série (History/Divulgação)

5. É possível que haja corpos humanos dentro das paredes das obras
Essa parece até história de terror. Segundo o jornalista Hélio Queiroz em seu livro 1001 Coisas que Aconteceram em Brasília e Você Não Sabia, há grandes chances de existirem, nas paredes de concreto de prédios famosos, corpos de operários que se acidentaram e nunca foram resgatados, tendo sido deixados ali e cobertos com cimento.

Diz o livro: “Reza a lenda que o auditório Dois Candangos da UnB tem esse nome porque dois candangos morreram na concretagem da obra. Acidentes de obra devem ter acontecido muitos na época, porque as leis eram muito frouxas e, no meio do mato, sem fiscalização, distante da delegacia que ficava em Goiânia, praticamente ao Deus dará.”

Segundo o mesmo livro, os prédios com mais vítimas desse tipo foram os dos ministérios. Lembre-se de não andar sozinho quando for visitar Brasília…

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6. Em 1959, havia 192 homens para cada 100 mulheres em Brasília
Segundo um censo experimental realizado pelo IBGE em 1959, moravam em Brasília 64 000 pessoas, e a proporção era justamente essa: 192 homens para cada 100 mulheres. Essa população masculina, composta principalmente de candangos (cidadãos de outros estados, especialmente Minas Gerais e do Nordeste, que se mudaram para trabalhar), estava lá para erguer a cidade. As mulheres eram seus familiares.

Outra curiosidade: já havia naquele ano 1 216 estrangeiros morando em Brasília.

Os candangos retratados em Mil Dias (History/Divulgação)

7. Para marcar a inauguração, JK pediu uma música a Tom e Vinicius – que não ficou pronta
Desde 1958, Juscelino pedia ao amigo Vinicius de Moraes uma música para marcar a inauguração da cidade em 21 de abril de 1960. Vinicius falou da ideia com Tom Jobim, que se interessou a princípio, mas depois relutou devido a acusações de que a música era “encomendada”. Além disso, os protestos contra a construção da cidade ajudaram a postergar o trabalho.

Brasília foi inaugurada sem a música, mas JK não desistiu de tê-la. Para seduzir os dois artistas, convidou-os a passar uma temporada no Catetinho, a casa de onde ele governava em Brasília (o nome era uma alusão ao Palácio do Catete, no Rio de Janeiro).

Tom e Vinicius toparam. Na capa do disco de vinil em que a música foi impressa, Vinicius conta que, para dar andamento ao trabalho, os dois pediram um piano, que foi trazido de Goiânia. Ajudados por três candangos e pelo caseiro, Tom e Vinicius subiram o instrumento nos braços pelos degraus do Catetinho, “com mais medo de que seus degraus cedessem ao peso do que de um enfarte do miocárdio”.

Por fim, a obra sinfônica, dividida em cinco partes, foi gravada em novembro de 1960. Mas só foi ouvida pelo grande público em 1966, quando foi apresentada na TV Excelsior.

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Perdeu os dois primeiros episódios de Mil Dias? Não tem problema: assista ao vídeo abaixo com o resumo do que aconteceu. Depois é só acompanhar os próximos todo domingo, às 23h35.

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