Kid Koala – Some Of My Best Friends Are DJs (Ninja Tune) Importado
Um dos DJs de hip hop que mais entendem do riscado finalmente volta ao trabalho autoral, após bons três anos faturando ao lado do Radiohead, Beastie Boys e Gorillaz. Sem falar no gibi de 300 páginas, que o sino-canadense lançou (além de turntablist, ele é um belo desenhista). “Some of My Best Friends…” começa triste como fim de filme dos Trapalhões, mas aos poucos Koala vai dirigindo o ritmo em outras direções. Intercala levadas introspectivas com falastrões de vinis velhos, mistura sopros com reggae (na deliciosa “Skanky Panky”), cria tecno acústico com bateria e vocais de jazz-rock (“Robochacha”). A agulha desliza macia pelo vinil.
Alexandre Matias
Kill Bill Vol.1 – Trilha Sonora (Maverick) Importado
Tarantino volta à labuta – e não apenas na cadeira do diretor. Em seu quarto filme, ele mais uma vez toma conta da trilha sonora, mostrando as novidades que ele encontrou nos sebos e coleções de amigos. “Bang Bang”, de Nancy Sinatra, e “Flowers of Carnage”, de Meiko Kaji, dão a tônica da compilação e do filme, entre caubóis e samurais. As duas faixas são as únicas com as letras no encarte, remetendo ao tema de Kill Bill: vingança feminina armada até os dentes. Há também muito setentismo básico (“Run Fay Run” de Isaac Hayes e “Ironside” de Quincy Jones), rockabilly tosco (“That Certain Female” de Charlie Feathers e “Woo-Hoo”, dos 5-6-7-8s) e a nóia em câmera lenta do Neu! (“Super 16”).
Alexandre Matias
Adam Freeland – Now & Them (Marine Parade) Importado
Conhecido principalmente por seu trabalho como DJ de breakbeat, Freeland estréia nesse disco como produtor. “We Want Your Soul” abre os trabalhos e, sozinha, já vale a compra. É daquelas de fazer a casa cair. O disco ainda passeia pelo house, como na excelente “Big Wednesday”, flerta com o electro e com o ragga nos vocais de “Heel N Toe” e com o dub, em “Nowism”.
Bruno Natal Ribeiro
A-Sides – Follow The Groove (East-Side) Importado
Mais um talento vindo de Essex, a cidade inglesa que já nos agraciou com gente como Prodigy e Andy C e a gravadora Suburban Base. A-Sides é macaco velho do drum·n·bass. Lançou várias faixas memoráveis e tem uma carreira invejável como DJ, produtor e dono de um selo sólido, o East-Side. Aqui, quase tudo merece destaque. Há faixas já consagradas nas pistas, como “What U Don·t Know” (com os talentos vocais de MC Fats), e uma versão histericamente sofisticada de “Helsinki Nights”, só para ficar em duas. Variado, mas coeso, A-Sides mostra o que o gênero tem de melhor. Essencial.
Raul Cornejo
Amarelo Manga – Trilha Sonora (Instituto/YB) Nacional
Jorge Du Peixe e Lúcio Maia (Nação Zumbi) compõem a trilha do Pulp Fiction à pernambucana. Tem vigorosos momentos funk, breguices confessas, psicodelia induzida, grooves do fundo do baú e diálogos do filme, uma descida ao DNA do mangue beat, dez anos depois.
Alexandre Matias
Prefuse 73 – Extinguished Outtakes (Warp) Importado
Depois do sensacional “One Word Extinguisher”, Scott Herren deixou comida no prato. O pessoal da Warp mandou embrulhar para viagem. São 39 minutos de música da melhor qualidade: colagens de samples com o groove do hip hop e a alma do jazz. De duração, são apenas uns 40 minutos. Mas a música é boa demais, e só sobrou por falta de espaço. Saboreie aos poucos.
Sérgio Teixeira Jr.
Marcelinho Da Lua – Tranqüilo (Deckdisc) Nacional
Manjado DJ de drum·n·bass no Rio de Janeiro, Da Lua é um dos responsáveis pelas noitadas no terraço do Cine Íris, na Lapa, durante a festa Loud! “Tranqüilo” marca sua estréia como produtor. Os beats estão acompanhados por uma banda completa, além das participações de Seu Jorge, Roberto Menescal e Black Alien. O resultado soa como um portfólio sônico das habilidades de Marcelinho, que vão da MPB-eletrônica-pra-pagar-as-contas (versões de “Cotidiano”, de Chico, e “Refazenda”, de Gil) até faixas realmente divertidas, como as latinas “Lá Fora” e “Que Cosa Fuera” e o dubão “Jornada”.
Alexandre Matias