Basement Jaxx – Kish Kash (XL) Importado
Não se deixe enganar pela primeira audição. O que parece apenas uma tentativa de requentar a fórmula de “Rooty” revela-se, aos poucos, um intricado mosaico de groove, complexo o suficiente para desorientar o ouvinte. “Kish Kash” desvenda uma dimensão que o álbum anterior apenas sugeria. E essa nova dimensão reverbera numa maturidade dance rara nestes dias de superstars DJs. Os vocalistas convidados mostram a amplitude da dupla: o enfant terrible do hip hop inglês, Dizzee Rascal, a soul woman Me·Shell NdegeOcello, o ·N Sync JC Chasez e a irmã morte Siouxsie Sioux. No caldeirão polirrítmico, scratches, baixos emborrachados, freakolândia sampleada e talvez as batidas mais irresistíveis de 2003. Os caras estão no auge.
Alexandre Matias
Vista Le Vie – Don·t (F Communications) Importado
A dupla francesa Max e Gilles, aka Vista Le Vie, é a nova aposta do selo de Laurent Garnier. O duo não se contenta em fazer apenas house, apesar do gênero funcionar como guia condutor no disco – na verdade, um EP, com seis músicas. O Vista Le Vie funde um pouco de dub, timbres de piano Rhodes, guitarras retrôs e baixo acústico para criar uma espécie de ambient house com bastante personalidade. Ainda podem soar um pouco perdidos e atirando pra muitos lados ao mesmo tempo. Mas tem futuro, é claro. Ou você acha que o Laurent Garnier é besta?
Claudia Assef
Junkie XL – A Broadcast From The Computer Hell Cabin (Sum) Nacional
Tom Holkenborg, o holandês do projeto Junkie XL, parece ter achado a mina do ouro: dar vida aos mortos. Depois de Elvis, Peter Tosh volta a cantar no ragga “Don’t Wake Up Policeman”. JXL também ressuscita gente que estava no limbo, como Terry Hall (The Specials), Robert Smith (The Cure), Gary Numan e até Dave Gahan (Depeche Mode). Todas as faixas trazem a herança de seus convidados especias, o que deixa o disco sem personalidade. Talvez por isso haja um CD bônus, no qual Holkenborg mostra suas produções solo…
Leandro Fortino
Timo Maas – Music for the Maases 2 (Sum) Nacional
Há três anos, este alemão deu nova cara ao trance, incluindo elementos da house no estilo, com o primeiro volume de seu disco de remixes e músicas próprias. A continuação deixa claro que o sucesso lhe subiu à cabeça. No lugar de desconhecidos e alternativos entram nomes batidos da música pop, como Garbage, Placebo, Moloko, Kelis e Fatboy Slim. Os momentos mais legais ficam para os menos conhecidos, como o produtor alemão de origem turca Haktan O’Nal, na ótima soulful house “Subfreakie”.
Leandro Fortino
Nego Moçambique – Nego Moçambique (Segundo Mundo) Nacional
House? A julgar pelas várias apresentações do Nego Moçambique que já vi, esperava um pouco mais de breakbeat, sons mais quebrados. Mas que surpresa feliz! Não é que o produtor brasiliense fez um discaço de “house jamanta”? A influência escancarada do CD é a disco music, então mais um golaço pro moço. O grosso das faixas usa timbres dos anos 70. Mas tem muito de anos 80 também (mas nada de electroclash, hein?). O lance do Nego são as sonoridades black, vindas do break. Nego, então, começa a passear pela house, com timbres característicos do gênero (guitarrinhas abafadas, chimbal bem metálico) e mostra que já foi mordido pelos sons vindos do selo Classic (de Derrick Carter e Luke Solomon). Até um pezinho no bluegrass, que virou marca dos Greens Keepers, ele meteu. Delicioso e envolvente, o CD não cansa e não enche lingüiça. Ah, claro: tem também o hit “Gil para B-Boys”, que sampleia “Palco”.
Claudia Assef
I:Cube – 3 (Versatille) Importado
Nem só de loops de disco coados no filtro vive a música eletrônica francesa. Ainda bem. Nicolas Chaix já tem uma série de bons serviços prestados ao dub eletrônico. Neste disco, ele continua pisando fundo no grave, mas pensando na pista, como em “Vacuum Jackers” e “Fabu”. Tem até um ensaio hip house com a participação de RZA, o cérebro do Wu Tang Clan. Shake “le” ass.
Sérgio Teixeira Jr.