Audio Bullys – Ego War (Astralwerks) Importado
Os ingleses Tom Dinsdale, 24 anos, e Simon Franks, 22, respectivamente, vêm causando furor com seus sets. O difícil é definir o som da dupla. O som deles é basicamente o cruzamento entre house music e UK garage, mas carrega um espírito de hip hop e uma atitude punk. Pense numa mistura de Basement Jaxx, Happy Mondays, Kinks, The Clash, Prodigy, Daft Punk, The Streets Deu para entender? Tom e Simon se conhecem desde pequenos, mas seus caminhos só se cruzaram mesmo há pouco mais de dois anos, quando produziram um remix para a dupla de garage britânica DJ Luck e MC Neat. Batidas simples, vocais poderosos e marcantes, toques peculiares e uma linha de baixo muito forte é o que resultou do reencontro. Ambos sentiram que a química entre os dois tinha uma pegada diferente e decidiram levar a experiência adiante. Trancaram-se num quarto com um laptop, um sampler, unidades de efeito e vários teclados.O resultado é o álbum “Ego Wars”. “We Dont Care” e “Real Life” já foram exaustivamente executadas nas rádios e nas pistas inglesas. “Face in a Crowd” usa um sample da música “Marjorine”, do Joe Cocker (de 86), que quebra todo o clima que o baixo pesado vinha impondo. A pista fica desconcertada. Em português, a palavra “bully” pode ser tanto um verbo que significa provocar, intimidar, quanto um adjetivo que significa alegre, excelente, de primeira. E é exatamente isso que eles são: uma dupla que intimida pela novidade, sem deixar de fazer um som de prima.
Erika Brandão
Plump DJs – Eargasm (Finger Lickin Records) Importado
É sempre assim: de tempos em tempos uma dupla bomba funk eletrônico e beats esquizofrênicos para nos lembrar de que há muito mais na pista de dança do que simplesmente bater cabeça e chacoalhar os ombros. Quadris: essa é a parte do corpo que Andy Gardner e Lee Rous miram em seu mix de grooves cubistas e linhas retas. Puxando o time do selo Finger Lickin·, a estréia da dupla sintoniza as tendências deste animado 2003: pulsação house, robotismo electro, blips sintéticos e espertas citações retrô (Kool and The Gang). Big beat do século 21.
Alexandre Matias
Vários – Trax Records Essentials Vol. 1 (Sum Records) Nacional
Você já deve ter ouvido falar da importância de Chicago para a house music. Foi lá que o DJ Larry Levan começou a criar, a partir de vinis de disco music, faixas mais eletrônicas e hedonistas. O som começou a ser chamado de house music, no início dos anos 80, por causa do clube Warehouse, onde Levan era residente. Trax Records é o selo que funcionou entre 83 e 89 e exportou o som de Chicago para o mundo. Houseiro, erga as mãos ao céu. Este CD tem alguns dos maiores clássicos da house: “House Nation”, “Can You Feel It” e “Bringing Down The House”, só para falar de três. Todas as versões são originais. Aula com melhor custo/benefício não existe.
Claudia Assef
Rework – Fall Right Now (Playhouse) Importado
Muito antes de a senhorita Kittin despejar seu discurso prepotente nos ouvidos electro, o grupo franco-alemão Rework já lançava singles pelo cultuado selo alemão Playhouse. Menos apressados em se tornar jet-setters e mais preocupados com a qualidade, lançam somente agora “Fall Right Now”. Não é apenas dance music. Com vocais femininos de Laetitia e Caro e produção retrô de Daniel Varga e Michael Kuebler, o disco traz guitarras distorcidas na tranqüila e triste “Not Quite Like Any Other”, uma canção francesa em “Amoureuse” e ótimos momentos para a pista, como “Youre So Just Just” e “Loin de Moi”.
Leandro Fortino
FC Kahuma – Another Fine Mess (Azuli) Nacional
A volta da acid house? É tudo que a dupla o FC Kahuna queria. Os ingleses de Leeds misturam grooves de funk eletrônico e house com personas alheias às pistas de dança, como Brian Molko (do Placebo), além de Blur e Polyphonic Spree. No meio da mixagem, há duas faixas próprias (“Mindset to Cycle” e “Nothing is Wrong”), o ápice do disco. Outro destaque é a acachapante versão robô para “Superbad”, de James Brown, conduzida pelo Soul Substitute.
Alexandre Matias
Medicine8 – Ironstylings (EMI) Nacional
O Medicine8 se apresentou no último Skol Beats, mas foi ignorado pelo público. Na Inglaterra e nos EUA, porém, seus discos invadiram as pick-ups de DJs como Erick Morillo, Xpress 2 e Danny Tenaglia. Lançado no ano passado, chega ao país “Ironstylings”, álbum de estréia dos irmãos londrinos Liam e Luke May. Com formação roqueira (tocam bateira e guitarra), seu disco remete a saudosos bons momentos dos Chemical Brothers, ao misturar house e breakbeats com guitarras e samples de Velvet Underground, Kurtis Blow e Afrika Bambaataa. Consistente e surpreendente.
Leandro Fortino
Luomo – The Present Lover (BMG) Importado
Vladislav Delay, expoente do que se costuma chamar de IDM (intelligent dance music), é o alter ego mais conhecido desse finlandês. Luomo é sua encarnação house. São produções bem cuidadas, com vocais femininos suplicantes e batidas suaves. Poderiam fazer a trilha sonora de loja de shopping center. Mas não sejamos injustos. Luomo não combina com pose nem com compras parceladas. Vá com o groove pulsante de “Body Speaking” ou a sinceridade de “Tessio”. Para ouvir na frente do espelho, trocando de roupa.
Sérgio Teixeira Jr.
Greens Keepers – Present the Ziggy Franklen Radio Show (Classic) Importado
Do encontro do DJ James Curd com o multiinstrumentista Nick Maurer, ambos de Chicago, nasceu a dupla Greens Keepers. O disco está na seção de house music apenas porque o gênero funciona como coluna vertebral no som da dupla. Mas há aqui um monte de referências legais, de jazz a bluegrass, passando pela soul music, só para ficar nas mais evidentes. Com a idéia de lançar um projeto que abrigasse outros gêneros além da house, o DJ Curd se uniu ao amigo Nick, músico e skatista que havia trabalhado numa plantação de maconha na Alemanha – daí o nome Greens Keepers. O resultado é estonteante. E não são apenas músicas de pista. “Mesoptamian” é sacana; “Dixie Gan”, caipira. Já está na lista de melhores do ano.
Claudia Assef