Sérgio Gwercman
O Imperador
Ryszard Kapuscinski
Companhia das Letras, 192 páginas, R$ 33
Os empregados do ditador etíope Hailé Selassié eram bastante especializados. Um deles secava os sapatos de visitas premiadas com o xixi do cão real. Outro colocava almofadas sob as pernas do rei, que não gostava de ficar com os pés livres ao sentar. Entrevistando os homens que faziam esses serviços, Kapuscinski contruiu o perfil do tirano que liderou a Etiópia por 44 anos.
Frase: “Aconteceu comigo uma desgraça: meu filho, Hailu, começou a pensar”, conta um dos integrantes da corte de Selassié.
Para quem assistiu a Hotel Ruanda e saiu do cinema com a sensação de nada saber sobre o que acontece na África.
• Selassié foi deposto por um golpe e morreu preso, em 1975. O livro saiu 3 anos depois .
• Na Etiópia, Selassié era tirano. Na Jamaica, era Deus. Literalmente. Rastafaris como Bob Marley acreditavam numa profecia que dizia que o divino seria coroado rei na África.
• Ao visitar a Jamaica, Selassié se assustou com a multidão que foi ao aeroporto. Recusou-se a descer do avião até as coisas se acalmarem.
• O Imperador foi acusado de ter fatos errados. Em seu posfácio da obra, o jornalista Mário Sérgio Conti diz que os erros são secundários. O mérito do livro: “Em vez de falar em nome dos africanos, deixa que eles falem.”